O RECADO FOI CLARO

Artigo publicado em 01.11.2005 no jornal Ombro a Ombro.

 

         A vitória acachapante do NÃO no referendo realizado em 23 de outubro  mostra um claro recado para os atuais detentores do poder político no Brasil. Além de expressar a recusa do povo brasileiro no apregoado desarmamento do cidadão digno e de bons costumes, demonstrou a indignação dos brasileiros diante da incompetência geral da atual  administração Lula (vide caso da febre aftosa), em especial na área da segurança pública e a prova de que não é mais manipulado através de “lavagens cerebrais” efetuadas pelo oligopólio dos meios de comunicação.

         Foi surpresa apenas a brutal diferença verificada, de quase dois a um. Em parte, ela é explicada pelo maniqueísmo imposto desde o início, há dez anos atrás, empreendido pelos defensores do sim ao desarmamento do povo brasileiro. Conseguiram impor, através de votação simbólica no Congresso, o famigerado estatuto do desarmamento, flagrantemente inconstitucional. Várias ADINs (Ações Diretas de Inconstitucionalidade) foram apresentadas à Justiça, não tendo sido julgadas até hoje, sob a desculpa de que era necessário antes conhecer o resultado do referendo sobre um item dele, justamente o relativo à proibição de comercialização de armas de fogo e munição. Durante todos estes anos, grande parte da mídia, em especial a detentora da maior audiência no país, tentou “vender” a idéia para a população brasileira de que o Mal era representado pelo cidadão possuidor de arma de fogo legal e o Bem pela sua eliminação, ou seja pela proibição total. Chegaram ao cúmulo de enganar o povo, fazendo crer que o que estava em discussão era o desarmamento e não apenas a proibição.

         Acontece que o feitiço virou contra o feiticeiro. Em apenas 20 dias de campanha, com 9 min ao todo por dia (metade pela tarde e a outra pela noite), a campanha da Frente pela Legítima Defesa mostrou com clareza meridiana a falsidade dos argumentos da bancada da rendição ou da covardia e o povo brasileiro provou que é inteligente, apesar de não ter o nível de educação adequado, por culpa de seus governantes. Os grandes derrotados foram: a administração Lula, o PT, o PSDB (FHC e Serra),  o casal Garotinho, as organizações Globo e os “globetes”, o ministro da (in)justiça Márcio Thomaz Bastos, os “mensaleiros” João Paulo Cunha, José Dirceu, Prof. Luizinho, Marcelo Sereno, os falsos representantes das religiões, o hoplófobo senador Renan Calheiros e outros. Os vencedores: o povo brasileiro e também todos os guerreiros que lutaram, no início, com um número desfavorável de 80% a 20%, em especial os deputados federais Alberto Fraga, Luiz Fleury e Jair Bolsonaro, quando poucos poderiam supor a reversão do quadro, diante do poder avassalador dos capitulacionistas. Afinal, havia dinheiro vindo do exterior, centenas de jornalistas e artistas na folha de pagamento dos mercenários a soldo de ONGs apátridas e a administração federal e as de vários estados engajadas contra o povo.

         Agora, é preciso cuidado com os passos seguintes. Em debate realizado no dia do referendo, de noite, na GloboNews, a cientista política Lucia Hippolito declarou que, apesar do resultado adverso, haveria a possibilidade de adoção, por parte das administrações federal e estaduais, apesar do recado claro dado pelo povo contra o desarmamento do cidadão,  de “medidas proibitórias”, tais como aumento elevado do IPI, do ICMS e outros sobre a compra legal de armas e munições, tornando a compra  praticamente impossível de ser concretizada. Tal medida já foi tentada com insucesso, no RJ, pela (des)governadora Garotinho, tendo sido derrubada pelo Tribunal de Justiça do Estado. Contudo, revela o desespero dos nossos adversários. Urge aproveitar a vitória insofismável para iniciar imediatamente ações para revisão do estatuto do desarmamento, de proposta de novos plebiscitos ou referendos, no dia das próximas eleições, sobre redução da maioridade penal, taxa absurda de juros, desnacionalização de nossas reservas de petróleo, corrupção e outras. E, por último, mas não menos importante, confirmar o repúdio à administração Lula em 2006.

 

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor aposentado na UERJ e Conselheiro da ESG.

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