CENÁRIO SOMBRIO
Artigo
publicado em 14.08.14-MM.
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e Autor do livro Brasil Soberano.
O ministro Gilberto Carvalho já tinha
advertido em 2012: “porque em 2013 o bicho vai pegar e, mais uma vez,
precisamos fortemente da nossa militância na rua”. De fato, pegou fortemente e
continua pegando no corrente ano. Manifestações de início pacíficas foram
transformadas em atos de vandalismo explícito, com direito a saque, agressão a
autoridades, invasões de próprios públicos e de propriedades privadas, com as
autoridades policiais incapazes de conter os excessos, inibidas diante da forte
pressão oriunda de “órgãos de defesa de direitos humanos”, mais interessados em
proteger marginais do que ao cidadão cumpridor das leis.
Também o ex-ministro José Dirceu, condenado no
processo do “mensalão”, havia afirmado, em junho de 2012, aos cerca de mil
estudantes presentes ao 16.º Congresso Nacional da União da Juventude
Socialista, ligada ao PC do B, no Rio, que o citado julgamento seria a “batalha
final”. “Batalha final” é consanguínea da “luta final” dos “famélicos da
terra”, nas estrofes da Internacional, o célebre hino revolucionário francês de
1871.
“Essa batalha deve ser travada nas ruas
também”, conclamou, “se não a gente só vai ouvir uma voz pedindo a condenação,
mesmo sem provas (a dos veículos de comunicação).” Em 2000, dois anos antes da
primeira eleição de Lula, Dirceu conclamou o professorado paulista a “mais e
mais mobilização, mais e mais greve, mais e mais movimento de rua”, porque eles
– os tucanos como o governador Mário Covas – “têm de apanhar nas ruas e nas
urnas”. E o então governador Covas, já padecendo de moléstia grave, de fato
chegou a ser agredido fisicamente, dias depois.
Os últimos acontecimentos comprovam que
vale tudo pela reeleição, criada imoralmente pelo ex-presidente FHC,
demonstrando, aliás, que PT e PSDB são duas faces da mesma moeda. O episódio da
desmesurada reação a um relatório de uma analista do Santander, demitida em
função da covardia da administração superior, a manipulação havida na CPI da Petrobras no Senado, a falsificação de perfis de
jornalistas ditos de oposição aos atuais detentores do poder político, feita a partir da rede de internet do
Palácio do Planalto, a ação furiosa do MAV (Militância
em Ambientes Virtuais) do PT, através da ação de núcleos de militantes
treinados e remunerados para operar na Internet (em especial nas redes
sociais), segundo orientações partidárias demonstram a sede pelo poder, como um
fim em si mesmo e não como meio para consecução dos Objetivos Nacionais.
O Judiciário já possui mais da metade dos
integrantes das Altas Cortes nomeada pela administração petista. O Supremo, com
a saída do ex-presidente ministro Joaquim Barbosa, passa a atuar de forma
diametralmente oposta a anterior, tornando claro, a quem ainda não tinha entendido, as razões da renúncia de seu Presidente. Os “mensaleiros” começam a ser colocados em
regime semiaberto e aberto. De fato, o “mensaleiro”
Delúbio tinha razão quando afirmou que, no futuro, o
episódio seria considerado uma “piada de salão”. O Legislativo se arrasta em um
vergonhoso “presidencialismo de coalizão”. A oposição inexiste na prática,
deixando de combater com vigor, à exceção de alguns poucos congressistas, as
gritantes vulnerabilidades da atual administração federal, uma das mais fracas
da história brasileira, de acordo com o insuspeito economista Reinaldo
Gonçalves. A corrupção campeia livremente sem ser devidamente coibida.
Centenas de milhões de dólares são doadas a
“governos amigos”, com o perdão de dívidas, ou através de financiamentos do
BNDES a empreiteiras privadas, generosas doadoras de campanhas eleitorais, que
também nunca serão ressarcidos devidamente. Ganham as empreiteiras, os países agraciados
e perde o povo brasileiro. E ainda afirmam que não temos recursos para investir
na saúde, na educação, na segurança, enfim, na infra-estrutura econômico-social. Até para os
aposentados que recebem pouco mais de um salário mínimo de aposentadoria não há
dinheiro para reposição de seus “benefícios”.
Estamos caminhando a passos largos para a
definitiva implantação de um regime bolivariano no Brasil, a exemplo do
ocorrido na Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua etc., sob a inspiração castrista.O exemplo da outrora
próspera Argentina é gritantemente esclarecedor das consequências do populismo
autoritário e da incompetência explícita. Se agora, já está assim, imaginem se
a reeleição de Dilma ocorrer. Teremos a aplicação, na prática, dos piores pesadelos
dos defensores da democracia, com a confirmação das previsões do genial
escritor George Orwell (Eric Blair). E o pior. A falta de confiabilidade das
urnas eletrônicas de primeira geração da Diebold, que
está sendo processada nos EUA.
É hora de um basta a esta anomia, a qual, segundo Durkheim, é caracterizada pelo enfraquecimento das
normas numa dada sociedade. Lembramos ainda
que a teoria da anomia de Merton explicita
que “havia probabilidade de ocorrer anomia quando aos membros da sociedade eram
negados os meios de alcançar os próprios objetivos culturais que sua sociedade
projetara, como riqueza, poder, fama ou esclarecimento. Entre as ramificações
desse trabalho, encontram-se os próprios trabalhos de Merton sobre os limites
dos desvios de comportamento e o crime”.
Qual é a saída democrática? Uma terceira via? Infelizmente,
acabamos de saber da trágica morte do candidato Eduardo Campos, após enviar
este artigo para a redação. Era nossa esperança. Ficaremos no aguardo de quem
será seu substituto, esperando que não seja a Marina. pois
ela não representa uma opção satisfatória.
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