CATACLISMOS DEVASTADORES
Artigo
publicado em 20.11.14-MM
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e Autor do livro Brasil Soberano.
Cataclismo pode ser entendido como
“grande alteração que muda a organização de uma sociedade”. Normalmente, a
palavra é associada a uma catástrofe ambiental de grandes proporções, como, por
exemplo, o tsunami
sofrido pelo Japão em 2011 com suas graves consequências, inclusive afetando a
usina nuclear de Fukushima, com suas trágicas repercussões.
Existem
países que, periodicamente, são assolados por uma série de desastres naturais,
como terremotos, vulcões e outros.
Felizmente, nosso país foi poupado
deste elenco de fatores adversos. Contudo, outro tsunami, ocasionado pela ação
humana, de elevadas proporções, assola nosso Brasil impiedosamente, em
praticamente todas as esferas administrativas: a corrupção. É evidente que esta
praga sempre existiu não só aqui, como em outras nações, porém o divulgado
hodiernamente sobre nossa atual situação é de estarrecer.
De início, é obrigatório parabenizar os
eficazes integrantes da Polícia Federal, em especial os responsáveis pela
operação Lava Jato, bem como o Ministério Público e a Justiça, com ênfase na
figura ímpar do Juiz Sérgio Moro, motivo de orgulho para a Magistratura
brasileira. Em seguida, enfatizar que três
assuntos estão em evidência no noticiário do início da presente semana: a
informação de que Pedro Barusco, braço direito do
ex-diretor da Petrobras Renato Duque, fechou acordo de delação premiada na
Operação Lava Jato; as declarações da presidente Dilma Rousseff sobre as
investigações na companhia; e a publicação de um anúncio da Petrobras
nos principais jornais do país sobre o impacto da Lava
Jato nos resultados financeiros da empresa.
Quanto
ao primeiro item, é esperado que não só o Sr. Barusco,
como também outros acusados, inclusive empresários, aceitem o instituto da
“delação premiada” na tentativa de diminuição de suas penas, fazendo
revelações, com as necessárias comprovações, da ponta do “iceberg” da
verdadeira endemia que assola o país. Verificamos a existência de quadrilhas
muito bem organizadas, capazes de tudo para manter o poder como um fim em si
mesmo, com o nefasto propósito de enriquecimento ilícito, ao invés de utilizá-lo
como meio para consecução dos Objetivos Nacionais Brasileiros. E a gestão
administrativa é calamitosa.
Fortunas incomensuráveis
foram construídas a custa do contribuinte brasileiro, responsável pelo
pagamento de uma carga tributária de algo em torno de 38% do Produto Interno
Bruto (PIB), sem a devida contrapartida. O cidadão brasileiro é obrigado a ter
plano particular de saúde, segurança privada, ensino particular e até
previdência privada, quase todas ineficazes, mas mandatórias devido à ausência
da prestação de serviços coletivos por quem arrecada as significativas
contribuições de toda ordem.
No segundo item, de fato
chegamos a uma encruzilhada decisiva. Ou as Instituições do Estado passam o
país a limpo, punindo exemplarmente os criminosos, sem distinção de origem
partidária ou posição ocupada nos três Poderes ou o Brasil não sobreviverá
enquanto Nação. A sociedade brasileira não suporta mais a leniência existente,
devido a vários fatores. Uma legislação permissiva e a aplicação de penas
incompreensíveis para o cidadão comum. Enquanto o ministro Joaquim Barbosa era
Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) havia a esperança de que os
criminosos seriam exemplarmente punidos. Agora, com menos de um ano de
“prisão”, já estão em casa os principais chefes da organização criminosa
julgada pelo STF, enquanto os operadores, tais como o Sr. Marcos Valério,
continuam encarcerados, com penas muito superiores a
de seus chefes.
No relativo ao terceiro
aspecto, os prejuízos ocasionados à principal empresa
brasileira, orgulho de todos nós, são de difícil reparação. Conseguiram
conspurcar a imagem dela, projetando uma imagem negativa de sua atuação, em
função da ação criminosa de verdadeiros quadrilheiros, bandidos degenerados,
incapazes de respeitar este símbolo nacional, pois praticaram um crime de
lesa-pátria. Toda nossa solidariedade à Petrobras, bem como ao seu corpo
funcional, que, temos a certeza, será capaz de recuperá-la, tão logo as ervas
daninhas sejam expurgadas e a meritocracia seja restabelecida. Prestamos
serviços à Petrobras por cerca de quinze anos e somos testemunhas de sua
importante contribuição para o Desenvolvimento Nacional. E, não sejamos
ingênuos. O que aconteceu com a Petrobras deve ter acontecido em praticamente
todos os setores da economia brasileira, pois estão envolvidas no escândalo
nove das maiores empreiteiras brasileiras, operadoras de obras importantes na maior parte dos
empreendimentos de porte realizados no país.
Como estratégias
prioritárias para tentar enfrentar com sucesso esta endemia, sugerimos o
aprimoramento do processo educacional de modo a preparar adequadamente nossos
cidadãos para enfrentamento das armadilhas antiéticas plantadas pelos
“malignos” e a exemplar punição de todos os corruptores e corruptos assim
julgados pela Magistratura do país, propiciando o devido “efeito-demonstração”,
indispensável como exemplo para a população brasileira, que deve ter a certeza
da importância da honestidade, conscientizando-se da necessidade da implantação
da “tolerância-zero” em nossa sociedade. E, por último, não precisamos de
corruptos e corruptores estrangeiros a agravar nossa triste realidade, com o
superfaturamento de obras no exterior e o desvio de vultosas verbas que
deveriam ser empregadas no país para "doações" de caráter ideológico.
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