VIVENDO A AMAZÔNIA

Artigo publicado em Julho.2002 no Jornal Ombro a Ombro

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.

         Recomendamos sempre aos nossos conhecidos que, quando resolverem viajar, iniciem suas incursões pela Amazônia, antes de dirigir-se a qualquer lugar do Brasil ou do exterior. Isto porque é vital para os brasileiros conhecer pessoalmente àquela rica região, descobrir suas potencialidades, avaliar suas riquezas, enfim admirá-la,  para poder perceber o quanto é importante defendê-la, lutando para que continue a ser nossa. Estivemos, mais uma vez, percorrendo a região para atualizar nossa visão da mesma. Como sempre, constatamos pontos positivos e negativos.

         Dos aspectos favoráveis, não há como ignorar o crescimento da atividade econômica, em especial a turística, consubstanciada pela implantação de diversos hotéis no interior da selva, como o Ariaú, perto de Manaus, pelo aumento progressivo da população localizada na Zona Franca de Manaus, pelo crescente compromisso das Forças Armadas na defesa da Amazônia. Como aspectos negativos: a continuação da evasão de riquezas subtraídas da região, seja sob a forma de contrabando e/ou descaminho transportado em centenas de aviões praticando vôos irregulares, seja sob a forma de pirataria dos recursos biogenéticos da área, remetidos por diversos representantes de Ongs e missões estrangeiras no país, agindo sem qualquer controle; a implementação do SIVAM, capaz de permitir o controle do tráfego aéreo, porém ao custo do pagamento de cerca de um bilhão e meio de dólares, sem que a FAB possa agir na repressão às irregularidades existentes, em função de orientação externa, sem haver a necessária proteção das informações obtidas; a crescente demarcação de reservas indígenas, conduzida por agentes estrangeiros, com a criação de “enclaves territoriais”, passíveis de serem, no futuro, separadas do país, constituindo embriões de nações independentes do Brasil, por coincidência em cima das principais riquezas minerais da região; pela ocupação da natureza por populações humildes, sem a necessária educação e conscientização dos danos ao meio ambiente; pela não conclusão da implantação do projeto Calha Norte, fruto do corte de verbas orçamentárias destinadas às Forças Armadas; pelo preocupante aumento da penetração estrangeira nos meios de comunicação, em especial nas TVs e outras.

         Persiste a necessidade urgente do cumprimento do lema: “integrar pra não entregar”. A perda da Amazônia não será concretizada por uma ocupação militar tradicional, pois não existe país no mundo, nem a potência hegemônica, com força capaz de ocupar a vasta área, em grande parte ainda virgem. Porém, está sendo realizada sub-repticiamente, como é do costume dos modernos povos colonizadores, via domínio perpetrado através do crescente domínio das expressões psicossocial, econômica, científico-tecnológica e até mesma política. É importante conhecer a realidade da região, como a situação do principal estado da região, o Amazonas, o qual possui apenas três milhões de habitantes, dos quais a metade está concentrada na capital, fator similar nos demais estados.

         Urge haver vontade política para a implementação de medidas concretas de ocupação planejada, contínua e eficaz da rica região, inclusive com adoção de providencias emergenciais, enquanto é tempo. Acreditamos que o país capaz de explorar racionalmente a região, sem concessões aos delírios dos ecologistas fanáticos, defensores da sua intocabilidade, nem às ações predatórias de capitalistas selvagens, será a potência do terceiro milênio.

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