TUDO RESOLVIDO

Artigo publicado em 01/2002 no jornal Vila em Foco.

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.

 

         O candidato Luís Inácio Lula da Silva acaba de ser proclamado presidente eleito do Brasil, com cerca de 61% dos votos válidos contra 39% de José Serra. Felizmente, os resultados estaduais, bem como os anunciados nas eleições para senador e deputado federal compensam este resultado. O novo presidente, oriundo de um partido marxista-leninista, agora posando de socialista gramscista, terá de negociar passo a passo cada mudança pretendida. Isto é positivo para a democracia. É a esperança de que o sistema de contrapesos da democracia impeça os radicais do PT de tentar transformar o país em uma grande Cuba ou Colômbia.

         Antes de prosseguirmos, é importante analisar as razões deste desenlace. Todos os candidatos apresentados à presidência da República eram provenientes da mesma fonte, ou marxista-leninistas, ou socialistas, ou gramscistas. O eleitor não tinha uma opção sequer de centro. Sabia-se que Lula e o PT possuíam em torno de 30% do eleitorado, contra 30% de adversários e 40% de indecisos. Lula obteve cerca de ¾ do eleitorado indeciso, devido ao alto grau de rejeição à administração FHC, pois o eleitor identificou, certa ou erradamente, Lula como o principal opositor de FHC. Consideramos pouco provável que o sistema tenha permitido a vitória de um opositor verdadeiro, com todo o poder que dispõe, sem que tenha havido um prévio entendimento, ou seja, um acordo de Lula com os "donos do mundo".

         E aí surge, mais uma vez, a pergunta que não quer calar. O candidato Lula ora apresentava-se como o novo Lula, paz e amor, freqüentador da BOVESPA, FIESP e da CNI, ora como o antigo Lula, de notórias ligações com as FARC, com Cuba, defensor da liberdade dos seqüestradores de Abílio Diniz. Qual deles assumirá no dia um° de janeiro de 2003? O grande problema é que se assumir o novo, corre o risco de, em curto prazo, transformar-se em um novo De La Rúa, gerando a frustração de suas bases eleitorais tradicionais. Se for o antigo, baterá  de frente com a estrutura vigente, caracterizando-se por ser uma administração com alto nível de instabilidade. Só o tempo dirá qual será a postura do presidente Lula.

         O fato é o de que os milhões de seus eleitores estão ansiosos por correções de rumo na "política econômico-social" imposta pela atual administração FHC, representante dos interesses estrangeiros no Brasil. É uma enorme demanda reprimida. A caótica administração FHC deixa uma herança trágica, considerando os principais indicadores econômicos e sociais. E este fato é potencializado pela atuação da maioria dos jornalistas do país, partidários ou simpatizantes do PT que, independentemente da orientação dos donos das empresas de comunicação, operam em sua profissão de modo engajado, chegando a censurar abertamente qualquer notícia desfavorável ao seu partido, agindo como verdadeiros cabos eleitorais, conforme denúncia explicitada pelo próprio candidato Serra, representante do poder econômico, que citou os constrangimentos sofridos ao ser entrevistado por profissionais de imprensa, abertamente hostis, portando até identificação partidária. Segundo eles, tudo já está resolvido, com a eleição de Lula.

         Entretanto, vamos cobrar dos eleitos aquilo que prometeram, fazendo uma oposição construtiva. Como está, não dá para continuar. Agora, mudar para pior, também não. Seria o cúmulo da ironia, daqui a um ano, o povo ir para as ruas, pedindo o retorno  do desastroso FHC. O momento é de observação. Aquilo que a nova administração realizar em benefício do povo e do país deverá ter o nosso apoio. O que for contra os Objetivos Nacionais Permanentes, deverá ser objeto de nossa contestação e combate sem tréguas. Vamos torcer pelo sucesso da nova administração, pois antes de tudo somos patriotas que amam a pátria. Não queremos cargos, honrarias, nem benesses. Exigimos medidas urgentes em prol da pátria e da nossa sofrida população.

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