O TERCEIRO MANDATO

(Artigo publicado em 21.05.09 no MM).

Prof. Marcos Coimbra

Conselheiro Diretor do CEBRES, Professor de Economia e autor do livro Brasil Soberano.

         Em junho de 2008, escrevemos neste espaço um artigo com o título de “Administração Ainda Esquizofrênica” sobre o período Lula, onde registramos: “Na luta para reconquistar a Amazônia brasileira, na prática já perdida para estrangeiros de várias partes do mundo, com a cumplicidade de maus brasileiros, através da utilização de ONGs, ratificamos nosso diagnóstico. Ao assistir o Sr. Luís Inácio declarar que “A Amazônia é nossa, ou algo semelhante, enquanto nada faz para impedir sua perda, nossa convicção aumenta sobre a diferença entre a teoria e a prática da sua gestão”.

         A cada momento surge um escândalo novo. Denúncias graves são veiculadas semanalmente pelos veículos de comunicação. Algumas vezes são “tomadas” algumas providências. Na maioria dos casos não. Deixam o tempo passar, sem dar qualquer satisfação, para que sejam olvidadas. E as medidas adotadas resultam em inquéritos inúteis ou CPIs estéreis, mais utilizadas como instrumento de pressão sobre a administração federal, do que para apurar responsabilidades e punir os infratores.

         Os discursos de Lula sinalizam para um horizonte, enquanto a realidade é o oposto do que foi anunciado. Em sua campanha várias promessas foram feitas: auditoria da dívida externa, revisão de “privatarias” e outras. Não foram cumpridas, com a desculpa da governabilidade. Nunca os “donos do mundo”, aqueles que controlam o sistema financeiro internacional e nacional, ganharam tanto. As empreiteiras, grandes financiadoras de campanhas eleitorais, nadam de “braçada” em nosso país, enquanto são enquadradas por outras administrações, a exemplo do ocorrido no Equador. Obras ciclópicas são aprovadas, considerando mais o interesse delas do que do povo.

Não se pode mais sair de casa para um destino mais afastado, sem passar por um “pedágio”, criado artificialmente para enriquecer as administradoras e alguns políticos. O IPVA, tão duramente cobrado pelas nossas autoridades, possui justamente a finalidade principal de manutenção das nossas ruas e rodovias. É inadmissível continuar a cobrar o imposto, deixando nossas vias de transporte terrestre no caos, para possibilitar a desculpa para criação de novos postos, com a finalidade de manter as estradas, construídas com recursos públicos, em condições operacionais. Isto sem falar da “indústria” das multas, onde absurdamente até empresas que registram as “infrações” são sócias da arrecadação.  E as freqüentes extorsões praticadas por “agentes” policiais? Fica a pergunta que não quer calar. Por que possuir um automóvel? O proprietário passou a ter sérios problemas: seguro, revisão, furto, assalto, extorsão, IPVA, combustível (CIDE), colisões e outros em troca do direito de pilotar um veículo em condições de estresse permanente (engarrafamentos, arrastões etc.).

         No campo interno, a coesão social é destruída, com a importação de modelos alienígenas, onde jogam negros contra brancos, brancos contra índios etc. Em nenhum país do mundo seria admitida a possibilidade, como no Brasil de hoje, da demarcação de áreas indígenas em regiões de fronteira, com o evidente risco de perda futura destas áreas, em função de pressões externas. Por “coincidência”, estas áreas demarcadas de modo duvidoso, sem a necessária oitiva do Conselho de Defesa Nacional e aprovação do Congresso, encontram-se justamente em cima das regiões mais ricas da Amazônia, onde o subsolo tem água doce, urânio, nióbio e outros minérios raros. ONGs estrangeiras com cúmplices nacionais praticam livremente a biopirataria e o contrabando de nossas riquezas, sem controle. Agora, com a expulsão dos não índios brasileiros (estrangeiros podem), os integrantes do Conselho Indígena de Roraima (CIR) associam-se ao Movimento dos Trabalhadores dos Sem Terra (MST), o mesmo aliado de Lugo na luta contra os interesses nacionais, que intenta revisar o Acordo de Itaipu e proceder a uma vingança da vitória brasileira na guerra conta o Paraguai.

         Na expressão militar do Poder Nacional tentam “vender” a idéia estapafúrdia de uma “estratégia nacional de defesa”, alcunhada de “end”, que não por coincidência significa fim, no idioma tão caro aos seus formuladores. Caso implantada, conforme denunciado por especialistas no ramo, profissionais como os Generais Castro, Cesário, Santa Rosa e tantos outros, significará o começo do fim das nossas Forças Armadas como Instituição Nacional Permanente, a serviço do Estado e não de governos transitórios.

         Na expressão política, dificilmente os atuais detentores do poder encontrarão um substituto para a atual candidata Dilma, impossibilitada na prática, por razões de saúde, de concorrer efetivamente ao pleito de 2010. O corolário deste teorema é lógico. O verdadeiro candidato do sistema é o próprio Lula, que, no momento oportuno, tentará subverter as regras do jogo vigente, rasgando a Constituição Federal, seguindo o exemplo de seus correligionários Chavez, Morales, Corrêa e outros, convocando um plebiscito ou referendo para continuar no poder. Afinal, é lorota afirmar que o “povo decidirá no voto”, pois quem está no poder só perde uma eleição se quiser. Caso não consiga, entrará em um acordo com Serra e Aécio, para continuar a usufruir das benesses indiretas obtidas nestes oito anos e retornar em 2014.

 

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