OPERAÇÕES  PSICOLÓGICAS, CORAÇÕES E MENTES

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia na Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG

Artigo publicado em 06.12.2007 no Monitor Mercantil.

 

         Operações psicológicas são as operações que incluem as ações psicológicas e a guerra psicológica. Compreendem as ações políticas, econômicas, psicossociais e militares, planejadas e conduzidas para criar num grupo (inimigo, hostil, neutro ou amigo) emoções, atitudes ou comportamentos favoráveis à consecução dos objetivos nacionais. É importante distinguir a diferença entre ação psicológica e guerra psicológica. A ação psicológica é a ação que congrega um conjunto de recursos e técnicas para gerar emoções, atitudes, predisposições e comportamentos em indivíduos ou coletividades, favoráveis à obtenção de um resultado desejado. A guerra psicológica caracteriza-se pelo emprego planejado da propaganda e da exploração em outras ações, com o intuito de influenciar opiniões, emoções, atitudes e comportamento de grupos adversos ou neutros, de modo a apoiar a consecução dos objetivos nacionais.

         O objetivo da ação psicológica é o de elevar o moral da população, dirigida ao universo amigo, interno ou externo, antecipando-se a qualquer trabalho de solapamento do moral por parte do inimigo. Suas ações características são : motivação, baseada em crenças, aspirações e até ressentimentos, desenvolvidas por meio de apelos, configurados em idéias-força, devendo tomar por base um determinado tema, considerado próprio, gerando "slogans", representado por símbolos; objetivos inatacáveis como honestidade, veracidade, justiça, positividade; apresentação de idéias afirmativas; continuidade indispensável em vista da constante transformação por que passa a conjuntura; responsabilidade : necessidade de basear todas as informações divulgadas na verdade e de se cumprir os compromissos assumidos; onipresença : espírito que deve impregnar os colaboradores de forma a contagiar, pelo contato, as pessoas com as quais deve ser mantido um relacionamento; informação, persuasão com apelo à razão, sugestão com apelo aos sentimentos, pesquisas de opinião, de interesse, de atitudes.

         O propósito da guerra psicológica é desmoralizar o adversário ou inimigo, dando-lhe uma sensação de insegurança, de impotência e de descrença no seu êxito, que o leve a rendição, se possível, obtendo sua posterior colaboração ativa, usando propaganda e contra-propaganda, com respeito aos aspectos éticos. Seu público-alvo consta de grupos inimigos, de conformidade com as hipóteses de guerra, constituído por indivíduos ou grupos que reconhecidamente não compartilham das aspirações nacionais e se contraponham à consecução dos objetivos nacionais, estejam ou não a serviço de grupos estrangeiros e aos neutros, aí incluídos os que o são por conveniência pessoal. Deve ser empregada de modo a diminuir a capacidade combativa do adversário, explorando todas as vulnerabilidades políticas, econômicas, psicossociais e militares, a impedir ou desencorajar ações contrárias aos interesses nacionais, através de uma propaganda bem organizada ou de demonstrações ostensivas, produzindo efeitos depressivos no moral adversário. Sua propaganda caracteriza-se pela disseminação de informação para influenciar a opinião pública, observados os princípios : dinâmica, ofensiva, afirmação, existência, original.

         O conflito social é um processo social básico de convivência que se caracteriza por uma operação personalizada, voluntária e descontínua, visando à conquista de um valor social escasso. Segundo  A. Lee Brown Jr. as causas do conflito político são : a) o fulcro do conflito na própria natureza humana; b) o conflito advém da distribuição dos bens materiais e da luta entre classes; c) o  conflito e o comportamento agressivo resultam de uma condição psicossocial de frustração; d) o conflito surge da heterogeneidade cultural que fragmenta a identidade nacional; e) o conflito advém do crescimento do mundo, do progresso tecnológico e do consumo de recursos vitais. Os principais meios de solução das controvérsias internacionais, segundo Hildebrando Accioly são : a) meios diplomáticos : negociações diretas, congressos e conferências, bons ofícios, mediação, sistema consultivo; b) meios jurídicos : arbitragem, solução judiciária, comissões de inquérito e conciliação, comissões mistas; c) meios coercitivos: retorsão, represálias, embargo, boicotagem, bloqueio pacífico, ruptura de relações diplomáticas.

         Analisando todas estas idéias, podemos compreender melhor o que está ocorrendo no Brasil e no mundo. Em nosso país, verificamos como os meios de comunicação, dominados por seis famílias, em conluio com institutos de pesquisa, pagos pelos "donos do mundo", são capazes de conduzir a população brasileira, elegendo quem desejam, apeando do poder seus adversários ocasionais. No mundo, identificamos o total controle dos meios de comunicação por parte da potência hegemônica, que chega ao cúmulo de restringir direitos constitucionais dos seus cidadãos, preservados ao longo dos tempos, obrigando ainda os demais países a somente veicular aquilo que desejam, censurando a tudo e a todos, até uma pequena rede de TV de um minúsculo país árabe.

         É preciso uma severa avaliação crítica do que se está lendo, para não sermos vítimas inocentes das operações psicológicas, capazes de influenciar nossos corações e mentes, transformando o réu em vítima e vice-versa.

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