O CONSELHO DE SEGURANÇA E O BRASIL

 

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 02.2004 no Vila em Foco.

       Desde a administração FHC, existe a reivindicação das autoridades brasileiras, no sentido de obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. A atual administração Lula persiste na idéia. E nós, brasileiros, perguntamos as razões de tal desejo, considerando a conjuntura internacional e nacional. Um país, ao assumir tal posição, passa a ter direitos e deveres. Parece que as autoridades governamentais só desejam o bônus e não o ônus. No momento atual, o país, na qualidade de signatário do tratado de não proliferação de armas nucleares (TNP, abdicou do direito de realizar pesquisas nucleares, com finalidades militares. Todos os países (cinco) que possuem o poder de veto na ONU são detentores de Poder Nuclear. Não é coincidência. Eles detêm o que é denominado Poder de Dissuasão. Nenhum país vai tentar ferir-lhes a Soberania, pois temem a retaliação. O preço a ser pago será alto demais.

       O Brasil, infelizmente, não possui sequer um submarino movido a propulsão nuclear. As pesquisas na área não progridem, devido a falta de recursos. Mas há R$ 150 bilhões para pagar juros da dívida interna e US$ 15 bilhões para pagar juros e lucros, com referência ao setor externo, em 2003. As nossas Forças Armadas nunca estiveram tão abandonadas, sem recursos para manterem-se adestradas e aprestadas. As verbas previstas para o orçamento de 2004 são inferiores as já minguadas executadas no ano corrente. O meio expediente já passou a ser rotina nos quartéis, para poupar o modesto "rancho". Os recrutas são desincorporados antes do tempo previsto. Até quadrilhas organizadas possuem armamento mais moderno e sofisticado, bem como munição farta. A falsa democracia propicia o aumento do desvio de armas, munições e até granadas de quartéis, com a perigosa corrupção de graduados e alguns oficiais. Praças criam uma Associação com a finalidade de questionar na Justiça decisões de seus superiores. Ora, todos sabem que as Forças Armadas estão baseadas na hierarquia e disciplina. Em 1964, a gota de água para a decisão de partir para a contra-revolução partiu justamente da ameaça à integridade física dos oficiais, ocasionada pela crescente indisciplina, estimulada pelos "generais do povo", pelos sindicatos e por políticos ambiciosos e sem escrúpulos.

       O Exército conta com metade de suas viaturas com mais de 20 anos de uso. A Marinha, no corrente ano, deu baixa em 13 navios. Um navio leva, no mínimo, 5 anos para ser construído. A Aeronáutica possui mais da metade de seus aviões no solo, por falta de peça de reposição ou de combustível. As Forças Armadas vão sendo progressivamente enfraquecidas, para serem transformadas em meras milícias de combate ao narcotráfico ou de controle social. O famigerado estatuto do desarmamento é imposto pela IANSA ao Congresso Nacional . É aprovado e a legislação é tão drástica que supera até a previsão dos mais pessimistas. Aprovaram a emasculação do povo brasileiro. Caso ela seja colocada em vigor, o cidadão honesto, digno e de bons costumes estará proibido de possuir uma arma de fogo. Só os marginais continuarão a possuí-las. Até os militares e os policiais, fora de serviço, estarão impedidos de portá-las. As ordens dos "donos do mundo" foram fielmente cumpridas pelas ONGs de fachada, pelo império do mal, pelos sicários contratados a peso de ouro, por inocentes úteis e por congressistas coniventes ou ignorantes. Este é o passo inicial. As próximas etapas são previsíveis. O referendo a ser realizado em 2005 somente terá propaganda contra a posse de armas pelos cidadãos cumpridores de seus deveres e  pagadores de impostos. As armas serão banidas para os homens de bem. Então o Nirvana dos capitulacionistas terá sido alcançado. Passo a passo, irão desarmando os atiradores, os colecionadores e até os militares e os policiais. Apenas bandidos serão possuidores de armas de fogo. Quem irá desarmá-los? Será necessário apelar ao presidente reeleito Bush para trazer os seus fuzileiros navais? Só nos resta o recurso à Justiça. Vamos ver se ainda existem juízes no Brasil.

       Até a indústria bélica nacional já foi destruída. A ENGESA, a  IMBEL, a AVIBRÁS foram destroçadas. A EMBRAER hoje é dominada pelos franceses. Com a aprovação do estatuto que faz a alegria dos bandidos ou irão a falência ou sairão do país o restante: TAURUS, CBC, BOITO  e outras. Será a realização dos entreguistas de plantão. O Brasil inteiramente a mercê do armamento e da munição (até de um cartucho 22) do exterior. Como proteger a Região Amazônica desta maneira? A cobiça mundial está de olhos voltados para a rica Amazônia.

       A propósito, lugar no Conselho de Segurança? Quem não tem competência não se estabelece. É piada?

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