MISSÃO CUMPRIDA

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia na Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG

Artigo publicado no jornal Vila em Foco em Outubro/2000

 

Foi encerrado o primeiro turno de votação. Segundo dados publicados pela imprensa, de responsabilidade do TRE-RJ, através da computação de votos pelo sistema eletrônico de processamento, recebemos cerca de 23.000 votos dos eleitores do município do Rio de Janeiro. Ressaltamos isso pois não confiamos no sistema imposto pelo TSE, em virtude de não haver possibilidade de conferência dos votos. O ideal seria que cada eleitor, ao votar, recebesse um comprovante do voto dado e colocasse-o numa urna ao lado da máquina para posterior recontagem, se fosse o caso. Aí sim todos poderiam atestar a não existência de eventuais distorções.

Queremos agradecer a todos que sufragaram nosso nome, companheiros de ideais, que sonharam conosco, com o objetivo de conquista, via eleitoral, da Prefeitura do Município, pela confiança em nós depositada. Nenhum desses votos foi obtido com a promessa de qualquer vantagem ou benesse. Não prometemos nada a ninguém, em termos de vantagens pessoais. Não enganamos qualquer pessoa. Não compramos votos. Não fizemos "boca de urna". Seguimos a lei. Acreditamos que ela seria cumprida pelos demais. Somente fizemos uma promessa de campanha durante todo o período: o de retirar em 90 dias todas as crianças de e na rua, segundo projeto elaborado por um ex-juiz de menores do Rio. E não tenham dúvidas que faríamos isso caso tivéssemos sido eleitos. Infelizmente, dessa vez não deu. Mas não vamos esmorecer. A luta continua e continuará sempre, enquanto houver um brasileiro patriota disposto a lutar pelo ideal de um Brasil próspero, pujante, caracterizado pela justiça social e pelo bem estar de seu povo.

Todos sabem que não tínhamos recursos financeiros ou materiais para empreender uma campanha do porte dos nove primeiros colocados, quase todos em pleno exercício do poder, com cargos no legislativo ou no executivo ou com, no mínimo, mais de três minutos de TV ou ex-prefeito ou ex-governador. Recebemos apenas 30 mil "santinhos" para a campanha, a três semanas do final do pleito. Nada mais. Nem out-door, nem galhardetes, nem plásticos, nem faixas, nem adesivos, nem canetas, nem carros de som. Nem um centavo de doação de qualquer pessoa física ou jurídica. Só possuíamos o horário gratuito da televisão. Até o espaço das inserções, na última semana, foi retirado, por decisão interna do partido. Dos 52 candidatos a vereador, somente 12 trabalharam conosco. Grande parte foi cooptada por outros candidatos com maiores recursos financeiros. O mais votado da legenda, não eleito, chegou a fazer propaganda com dois outros candidatos: deputado Brasão e prefeito Conde, através de galhardetes, faixas e impressos.

Grande parte da mídia simplesmente ignorou nossa candidatura, chegando ao cúmulo de omitir nossa agenda de campanha, regularmente mandada para quem de direito. Os demais candidatos tinham suas respectivas agendas divulgadas diariamente. Nunca houve tratamento igualitário para todos os candidatos, conforme o Jornal do Brasil em editorial reclamou que era obrigado a cumprir, devido à legislação eleitoral. Um candidato teve tratamento preferencial. Outros três, destaque especial. Mais dois ou três, revezavam-se no noticiário. Para os demais o silêncio. Somente eram citados para sofrer ataques. Houve vários debates. Participamos de todos aqueles para os quais fomos convidados. Apenas um foi divulgado. O da TV Bandeirantes, onde obtivemos boa avaliação no consenso geral. Os demais foram boicotados pelos " principais" candidatos e omitidos pela imprensa. Fomos discriminados ao não sermos convidados para outros debates, apesar de isto representar infração à lei, pois o PRONA era um dos nove partidos com direito a participação igualitária, em função de representação no Congresso. Mas quem cumpre a lei nesse país?

Chegamos a ser bloqueados no programa do comunicador Beto Salóes, do Saara Show, na Rádio Bandeirantes. Ao iniciarmos a resposta à primeira pergunta, entrou no ar, por interferência externa, música de Tim Maia. A seguir, de Milton Nascimento. E assim foi todo o programa. Os ouvintes reclamaram e conseguimos, com a interferência do Desembargador Amorim, ex-presidente do TRE e do Tribunal de Justiça do Rio, que a tudo assistiu, perplexo, retornar em outro dia, mas com apenas 10 minutos dos trinta concedidos aos outros candidatos. O fato, que nunca ocorrera antes, segundo os responsáveis pelo programa, foi comunicado a toda a imprensa. Somente o Monitor Mercantil registrou. Quando começamos a incomodar, crescendo nas pesquisas, que sempre nos apontaram com intenção de voto inferior a 1%, iniciou-se um sórdido ataque de sicários a soldo do sistema, procurando atingir-nos pessoalmente. Por coincidência todos escritos por integrantes do principal grupo de comunicação do país. Um deles está sendo processado devidamente. Os outros não merecem sequer esse trabalho. Nenhuma crítica ao programa de governo, nem denúncia de fato grave. Apenas antigas aleivosias gerais contra o partido. Na falta do que criticar em nosso passado e presente, uma colunista social "atacou-nos", por causa do tamanho do bigode. Procurou alcunhar-nos com apelido pejorativo, esquecendo-se de olhar no espelho e ver sua figura de lutadora de sumô.

Pretendemos, ao longo do tempo, usando os meios de comunicação ao nosso alcance, como nosso site, os jornais Monitor Mercantil (5ªfeira), Ombro a Ombro, O Esquadro e Vila em Foco continuar a lutar pelo resgate do nosso país, desenvolvendo o projeto Brasil Soberano, denunciando a sordidez existente nos bastidores dessa campanha, ministrando aulas, proferindo palestras. Entramos nessa campanha com a cabeça erguida e dela saímos da mesma forma, com dignidade, com a consciência do dever cumprido, sem termos sido levados pelo mar de lama existente em uma campanha desse tipo.