FALTA DE RESPEITO COM O CIDADÃO

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 10.2004 no Ombro a Ombro.

       Segundo o economista e jornalista Ib Teixeira, da FGV, em seu livro "A violência sem retoque", em 2001, o Brasil desperdiçou R$ 112 bilhões em gastos e perdas decorrentes da violência. O autor estimou ainda que as despesas e prejuízos relacionados ao crime já movimentam cerca de 10% do PIB do Brasil. Ou seja, no ano atual, em torno de R$ 150 bilhões. Os cálculos levam em conta gastos com segurança previstos no orçamento da União, Estados e Municípios, desembolsos das empresas com seguros e sistemas de vigilância, perdas de vida e patrimônio em decorrência de homicídios, roubos e furtos. Não foram, contudo, estimados os investimentos que o crime tira do país. No ano citado, 380 mil carros foram roubados ou furtados no Brasil, o equivalente a 21% do total da indústria automobilística, no mesmo ano. Havia, naquele ano, 100 mil veículos blindados. O setor privado gastou R$ 5 bilhões na contratação de vigilantes e havia 313 empresas de segurança oficialmente cadastradas e outras 300 na ilegalidade, naquele ano. 

       Para uma melhor apreciação da realidade brasileira, na madrugada do dia 15 de setembro, um ônibus transportando 46 homens da Polícia Militar da Paraíba foi assaltado por quatro bandidos em Pernambuco. Os militares (6 oficiais, 35 cadetes e cinco praças) viajavam desarmados para a Bahia, onde participariam de jogos acadêmicos em Salvador. Havia ainda dois motoristas civis na viatura. Todos ficaram sem dinheiro, celulares, relógios e até sem o material desportivo com o qual disputariam o campeonato. Parte da bagagem também foi levada. O assalto ocorreu na BR-101, na altura de Palmares, a cem km do Recife. São os primeiros resultados concretos da aplicação do famigerado "estatuto do desarmamento". Pela nova legislação, os policiais militares e civis apenas podem transportar armas para sua defesa, dentro do Estado onde atuam. A legislação é tão draconiana que atinge até os militares da reserva. Para exercer o direito de porte de arma, assegurado pelo Estatuto dos Militares, terão também, como os civis, de, a cada três anos, submeter-se a testes psicotécnicos e pagar a taxa estipulada, a partir da 3ª arma, inclusive, para poder obter a documentação hábil. É de estarrecer! Imaginem um general de quatro estrelas na reserva remunerada, sendo preso por uma autoridade policial, por estar portando sua arma pessoal, sem a submissão à absurda legislação.

       Tudo isto por imposição da IANSA-International
Action Network of Small Arms - IANSA, uma rede de ONGs estabelecida para atuar
como uma central de coordenação de campanha internacional do desarmamento,  que atua no Brasil através de suas associadas Viva Rio, Sou da Paz e congêneres. A violência, ao invés de diminuir, continua a aumentar e o cidadão não possui mais o direito de exercer a legítima defesa, com possibilidade de sucesso. A mais importante rede de comunicação do país continua a realizar uma verdadeira "lavagem cerebral" na população, tentando "vender" a idéia da validade do desarmamento da população ordeira e honesta. Os marginais deliciam-se com a certeza de que não serão obstados em sua nefasta ação. O cidadão está proibido de agir e a polícia enfrenta limitações de tal ordem, que não consegue garantir a segurança e o império da lei e da ordem. Enquanto isto, aqueles que impuseram e aprovaram tal absurdo estão em carros blindados, protegidos pelo aparato de segurança do Estado ou das empresas privadas de segurança, tudo pago, direta ou indiretamente, pelo povo.

       Considerando o contexto atual, onde presenciamos a ação predatória do MST no campo, sem limite ou controle, a campanha para diminuição das penalidades  sobre os crimes hediondos, a tentativa de controle da imprensa e de outros meios de comunicação, o combate sem trégua à ação das polícias, o esforço no sentido de impedir a atuação das Forças Armadas, através da retirada de recursos orçamentários e desvio de função, a imposição de controle externo ao Judiciário, a experiência histórica da implantação de ditaduras no mundo, principiando com o desarmamento da população digna e de bons costumes, fica à reflexão dos cidadãos, quais os verdadeiros motivos que originaram a criação e implantação desta barbaridade.

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