FALTA DE OPÇÃO

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor aposentado na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 01.05.2005 no Jornal Vila em Foco.

       A fracassada reforma ministerial da administração Lula apenas reitera aquilo que qualquer cidadão de bom senso já percebeu. O PT não possui um Projeto Nacional de Desenvolvimento e Segurança. Apenas um projeto de poder. Na expressão econômica continua, com maior ortodoxia ainda, a nefasta adoção das medidas econômicas impostas pelos "donos do mundo", por intermédio de seus tentáculos, como o FMI, a OMC, o BIRD e outros. O país é o campeão mundial no tocante à taxa real de juros. O Brasil continua a ser o paraíso dos banqueiros internacionais e nacionais. O superávit primário atinge o escandaloso patamar de 4,6% do PIB. A mídia amestrada continua a "vender" ao povo a idéia de autonomia do Banco Central, cumprindo as determinações do setor especulativo em detrimento do setor produtivo. Os dirigentes econômicos do país originam-se de escolas estrangeiras, assumem cargos de direção nos principais órgãos da administração federal e saem para comandar bancos nacionais e estrangeiros, demonstrando uma promiscuidade descontrolada.

       Agravam-se os problemas do desemprego, da queda dos salários reais, da desnacionalização da Economia Brasileira, da perda de Soberania e outros. Um exemplo marcante é o caso da "doação" da Companhia Vale do Rio Doce, entregue por pouco mais de R$ 3 bilhões, contabilmente, enquanto ano passado apresentou um lucro quase duas vezes maior ao da "venda", isto em um período somente de doze meses. Outro, verdadeira lição da "privataria" empreendida pela administração FHC, é a questão da Eletropaulo, verdadeiro "conto do vigário" perpetrado pela estrangeira AES contra o BNDES. Volta a campanha orquestrada pelos traidores do povo, através da imprensa domesticada pelas vultosas verbas publicitárias da administração federal, contra o instituto da previdência social. Propagam a mentirosa existência de um déficit de R$ 40 bilhões para o ano em curso, "esquecendo" convenientemente que a COFINS (Contribuição para o Financiamento  da Seguridade Social) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido foram criadas para sustentar a seguridade social. E a CPMF para propiciar recursos para a saúde. Só a COFINS vai proporcionar em 2005 uma arrecadação superior a R$ 90 bilhões. Tudo será desviado para o pagamento de juros da dívida interna. E voltam a querer impor outra reforma da previdência com o objetivo de eliminar os parcos direitos remanescentes dos trabalhadores.

       A desculpa é sempre a mesma. Faltam recursos. Porém existe numerário suficiente para pagar mais de R$ 120 bilhões ao ano de juros da dívida interna . E mais cerca de quase US$ 15 bilhões de juros da dívida interna. E mais o valor  correspondente ao pagamento  de cerca de  45.000 novos companheiros contratados apenas pela administração federal. E para pagar a verdadeira orgia de gastos inúteis com diárias, viagens, cartões de crédito. E compra do luxuoso avião presidencial. Fora o que deixa de ser arrecadado devido ao desvio de verbas, sonegação, corrupção, má aplicação de verbas empenhadas, isenções, anistias etc.

       E, para culminar, prenuncia-se a perspectiva de um embate entre Lula e FHC nas eleições do ano vindouro. Ninguém merece. É a escolha entre seis e meia dúzia. O povo já sofre há dez anos. Ainda terá que suportar mais dois. Agora, mais quatro anos de desgoverno é crueldade demais. Até a área de fronteira do Brasil está prestes a ser entregue à sanha das multinacionais. É hora de recordar o grande brasileiro Capistrano de Abreu ao dizer que todo brasileiro devia ter vergonha na cara! O país precisa voltar a estimular o setor produtivo, a crescer, a acelerar o desenvolvimento para atingir o progresso. Enfim, nossa juventude deve voltar a ter esperança no Brasil, ao invés de procurar a solução no aeroporto.

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