DITADURA CONSTITUCIONAL

Artigo publicado em 08/08/2002 no Monitor Mercantil.

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia na Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.

                   O recente debate ocorrido entre os quatro candidatos do sistema à presidência da República, na televisão, mostra a triste situação que o povo brasileiro está experimentando. Nenhum deles possui a estatura de um estadista, requisito indispensável para levar o país a um porto seguro. Não se vislumbra perspectiva de melhora, caso um deles vença. Qualquer um representa a continuação da ditadura constitucional a qual o Brasil está submetido. E a grave situação financeira vivenciada não será passível de solução. O ditador constitucional FHC, quando fala sobre a nossa terra, parece que está discorrendo sobre outro país. Não tem a mínima noção sobre o que acontece com o nosso povo, com nossas angústias, lutas e sofrimentos. Para ele, o Brasil não tem inflação, nem desemprego, progride todos os dias, com justiça social, minimizando seus sérios problemas de distribuição de renda, seja pessoal, setorial ou regional, avançando célere rumo ao atingimento dos Objetivos Nacionais Permanentes: progresso, democracia, paz social, soberania nacional, integração nacional e integridade do patrimônio nacional. É natural que assim seja. Afinal, ele, sua plutocracia econômica e seus cúmplices são apenas agentes do sistema financeiro internacional, cumprindo fielmente suas determinações. Devem ler apenas as informações fornecidas pela mídia amestrada e por seus órgãos de informação, sempre favoráveis. Sentem-se muito mais à vontade em Washington, Londres e Nova Iorque do que no Rio de Janeiro, em Garanhuns ou Caxias do Sul. São estranhos no ninho. Não possuem o menor compromisso com o Brasil, com nossa gente, tradição, valores e costumes. E o sistema já preparou figuras semelhantes para o processo de substituição. Todos integrados com o Diálogo Interamericano, como o Senador José Serra, o Sr. Ciro Gomes, o Sr. Luís Inácio da Silva e o Sr. Anthony Garotinho.

                   O Brasil de FHC está sendo "doado", passo a passo, aos alienígenas, com suas principais riquezas e empresas vendidas a preços aviltados. Sua infra-estrutura econômico-social está sendo destruída. As comunicações já foram entregues. Antes havia a Embratel, estatal que garantia a qualidade ao setor, investindo em pesquisas e o preço cobrado aos usuários era razoável. Hoje, está entregue a uma empresa estrangeira americana, a MCI World.Com, concordatária nos EUA. Os preços sobem alucinadamente e os serviços pioram. Os transportes, em grande parte sob o regime de concessão, estão tendo suas principais estradas e rodovias privatizadas, cobrando pedágios extorsivos, com o caso da Via Lagos, que cobra inexplicáveis R$ 14,40 (ida e volta) a cada fim de semana. Quem serão os felizes proprietários da concessionária? Por quanto tempo vigora a concessão? Como foi realizada? Quem outorgou? São informações que, acreditamos, todos os cidadãos gostariam de saber. A energia também já está sendo entregue. A distribuição já foi. Agora, querem "doar" a geração e transmissão, esta última quando e se for lucrativa. Até cometem a insanidade de vender Furnas, uma das jóias da coroa. E os estrangeiros que, é lógico, serão os compradores, não estão interessados em investir. Querem comprar, com recursos do BNDES, o que já está feito e lucrar, demitindo funcionários, aumentando preços e deteriorando serviços. As conseqüências são previsíveis. Falta de energia, "apagões", enfim, o inferno que está ocorrendo nos outros setores privatizados.

                   A saúde pública é sucateada ao paroxismo. Não há dúvida de que é a preparação para a privatização. Atualmente, quem não tem plano particular de saúde está condenado à indigência. Está fadado à morte, sem assistência adequada, sem dignidade. E quem tem, apenas passou a ter aquilo que todos nós possuíamos anteriormente. Assistência pública de razoável categoria. A educação pública também está sendo sufocada, com verbas cada vez menores, para permitir a expansão do ensino privado. O ministério da Educação utiliza critérios altamente  questionáveis para avaliação dos cursos e das entidades de ensino superior. A insegurança cresce avassaladoramente. E os "policiológos" de plantão, ligados a Ongs internacionais e nacionais, como o "Viva Rio" procuram soluções esdrúxulas, como o desarmamento dos cidadãos dignos e de bons costumes e criação de uma polícia "boa" e outra "ruim", ao invés de cumprir seu dever, realizando o que o povo deseja: diminuir a criminalidade. Os bandidos vão bem, obrigado, e deliciam-se com a incompetência das autoridades. A previdência pública também está sendo aniquilada, para permitir o domínio do setor pela iniciativa privada.

                   No país de FHC os trabalhadores são mortos a tiro pelas polícias em manifestações democráticas, por ordens superiores, e, como sempre, o culpado é o mordomo, ou seja, o secretário de segurança ou o comandante da operação, ao invés do governador, do presidente ou do prefeito que deu a ordem. E o supremo mandatário, ouvido a respeito, apresentou como solução o desarmamento. Parece que virou idéia fixa. Não entendeu bem as ordens recebidas. As polícias ainda têm que permanecer armadas, justamente para coibir as manifestações populares legítimas de protesto, cada vez mais freqüentes, diante das medidas impopulares  dos governos subordinados à globalização. No país de FHC, não há esperança, nem futuro, nem democracia verdadeira. Há a ditadura constitucional e  a destruição do país.

Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br

Sítio: www.brasilsoberano.com.br