CIDADÃOS: REPRESSÃO; MARGINAIS: IMPUNIDADE

Prof. Marcos Coimbra (Conselheiro Diretor do CEBRES, Professor de Economia e autor do livro Brasil Soberano).

(Artigo publicado em 17.09 no MM).

         No Estado do Rio de Janeiro, infelizmente, esta é a dura realidade. O cidadão digno e de bons costumes, pagador de impostos extorsivos, sofre uma cruel coerção por parte das autoridades que contribuiu para eleger, enquanto os bandidos praticam toda sorte de crimes, impunemente.

         Foi eleito governador, no arco de uma aliança incoerente, o Sr. Serginho Cabralzinho, adepto incondicional da administração à distância, pois adora usufruir as benesses do poder, viajando pelo mundo sob diversos pretextos, quase sempre em caráter oficial, deixando a tarefa de administrar para auxiliares, em especial do vice-governador Pezão.

         Nos principais setores da infra-estrutura social, principalmente na educação, na saúde e segurança, a situação é caótica. Existe em comum, em todas as situações, o seguinte quadro: profissionais mal remunerados, sem perspectiva de carreira, trabalhando em péssimas situações de trabalho, ocasionando um grande índice de evasão, despidos de motivação. Como conseqüência o povo, sem assistência, é obrigado a procurar auxílio particular. Daí a crescente demanda por escolas privadas, planos particulares de saúde e segurança privada, tudo cada vez mais caro, apesar de pagar uma das mais altas cargas tributárias do mundo, cerca de 38% do nosso PIB.

         Recentemente, na área da educação pública constatamos o excesso de violência cometida pela polícia de Cabral contra professores ligados ao Sepe ao realizarem uma manifestação na ALERJ em defesa dos seus direitos. Onze profissionais de educação foram feridos, sendo alguns com gravidade. Foram atingidos por balas de borracha, bombas de gás e de efeito moral.Com direito até ao absurdo de um policial apontar uma pistola de grosso calibre para a cabeça de um professor, que ganha cerca de R$ 600,00 mensais.

         Na saúde, chegamos a presenciar o absurdo de uma médica, supervisora de atendimento médico de um hospital público, ser presa em virtude de não ter sido capaz de “inventar” um leito para uma paciente na madrugada, após ter conseguido atender a duas ordens judiciais com o mesmo objetivo. A responsabilidade não era dela, mas sim das autoridades estaduais, incapazes de propiciar condições dignas de trabalho. E a maior delas é justamente o governador. Este sim é que deveria ter sido detido por desídia.

         Na segurança, então, o diagnóstico é pior. O cidadão é assaltado, estuprado, assassinado, em praticamente todas as regiões do Estado, com especial destaque para a cidade do Rio. Pessoas de nosso conhecimento já foram atacadas às 21:00h em plena Av. Rio Branco por pivetes. E o policiamento? Inexiste, com a desculpa de que há efetivo insuficiente, devido ao desvirtuamento de funções, com policiais sendo desviados de suas funções  precípuas de combate direto aos criminosos, tanto ostensiva quanto em caráter investigativo, para serem seguranças de autoridades nos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Apesar das promessas, o número de policiais devolvidos às ruas é pequeno e agora criaram mais um desvio. Nas “batidas” feitas a pretexto da aplicação da lei seca, dezenas de policiais militares são empenhados, alguns fardados e outros a paisana, sob a supervisão de dois servidores do Detran.

         No dia 05.09, sábado, havia uma destas na altura da Univercidade da Lagoa. O aparato era impressionante. Até uma enorme bola de propaganda. A abordagem era feita por um PM fardado, que mandava o automóvel estacionar. Depois, vinha um PM a paisana, com o distintivo pendurado no peito, sem identificação do nome ou posto. Após, o indigitado cidadão tinha seus documentos apreendidos e entrava numa fila para ser submetido ao teste do bafômetro. Caso acusasse mais de 0,10 (existe ainda uma tolerância de mais 0,03), tinha a carteira confiscada, sujeito ainda a uma multa de mais de R$ 957,00, além de ser obrigado a apresentar defesa prévia, sob pena de ter a habilitação suspensa por um ano. Quem não tinha feito a vistoria na época, mesmo com agendamento marcado, tinha o carro apreendido e rebocado para Caxias, com  pagamento adicional de diárias, reboque etc. Aliás, seria oportuno que os jornalistas investigativos tentassem apurar quem são os seus donos e a quais políticos são ligados, inclusive através de doações eleitorais.

         No mesmo dia, ocorreu um “arrastão” por volta das 19:00h na galeria sentido Zona Sul do Túnel Zuzu  Angel em São Conrado, praticado por bandidos em três motos, com direito a tiros disparados pelos marginais, sem que houvesse reação. Logo depois, no Catumbi, seis homens armados em três motos atacaram no acesso do Viaduto São Sebastião à Avenida Presidente Vargas. E o policiamento preventivo e ostensivo? Estava desviado para atender ao Detran. A seguir, na Rua das  Laranjeiras afinal a polícia conseguiu prender um dos marginais que ocupavam uma moto sem placa.

         Sempre aparece o Detran, de triste memória, permanente objeto de escândalos. O último deles foi a assinatura de um contrato de limpeza, sem licitação, com o grupo Facility, de propriedade do Sr. Arthur Soares, nova nomenclatura para uma empresa de prestação de serviços de limpeza de nome Vigo, que vinha prestando os mesmos serviços há seis anos.

         A única certeza do cidadão fluminense é que ele será roubado. A dúvida é por quem.

 

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