ATUAIS AMEAÇAS AO ESTADO BRASILEIROExpressão Econômica do Poder Nacional

Prof. Marcos Coimbra

Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.

(Artigo publicado em  14.09.11- MM).

A Academia Brasileira de Defesa (ABD) divulgou no dia 07.09.2011 importante manifesto à Nação com o título: “Atuais Ameaças ao Estado Brasileiro”, assinado pelo seu Presidente, Ten-Brig-do-Ar Ivan Frota. Colaboramos na elaboração do citado documento, nos aspectos relativos à expressão econômica. A seguir, apresentamos à reflexão dos leitores nossas idéias a respeito do assunto, em uma lista não exaustiva, considerando o espaço oferecido, em uma abordagem bem sintética, sucinta, restrita apenas aos itens considerados mais importantes: 1 – Inexistência de um Plano Nacional de Desenvolvimento: Considerados os Objetivos Nacionais Permanentes, não há explicitado um PND contendo políticas e estratégias correlatas, vinculadas a orçamentos, prazos e órgãos responsáveis para consecução dos ONP. Ora, para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve. E quem não traça seu destino o terá traçado por outro. Só existe a meta das autoridades econômicas de controle da inflação, ignorando a busca do pleno emprego;

 2 – Desnacionalização do Sistema Econômico Brasileiro: Importantes empresas dos três setores (primário, secundário e terciário) da Economia Brasileira estão sendo compradas, absorvidas ou tendo seu controle acionário transferido para não residentes, em troca de “papel pintado” (dólar), cujo valor é depreciado a cada momento; 3 – Desindustrialização da nossa Economia: Há um declínio persistente da participação na produção industrial no PIB e nos empregos industriais no total de empregos da economia. A valorização do Real, o elevado custo de produção, o Custo Brasil, a elevada taxa de juros, a taxa de câmbio que favorece importações, diminuindo a competitividade dos exportadores brasileiros e a concorrência desleal com produtos importados, cópias, pirataria e contrabando são fatores que contribuem para a desindustrialização no nosso país;

4 – Significativos fluxos de capitais para o Brasil: O excesso de divisas existentes nos países com grandes superávits em transações correntes (China, Alemanha), bem como o volume expressivo de recursos em poder do sistema financeiro dos EUA vão se manter. Como o Brasil possui a maior taxa real de juros do mundo (cerca de 6,5 %), ele continuará a receber crescentemente divisas, que estimulam o consumo interno, ao invés de gerar investimentos em capacidade produtiva, além de sobrevalorizar o real; 5 – “Bolha” de crédito, incluindo a valorização excessiva no mercado imobiliário das grandes cidades: A proporção da renda disponível brasileira usada para o pagamento do serviço da dívida aumentou para 28% em maio de 2011 (classe média gira em torno de 50%), enquanto em outros países é bem menor (EUA=16%, China=6,5%, Índia=4,8%). A elevada  taxa de juros aumenta o peso do serviço da dívida. Dificilmente o valor atual destes imóveis continuará elevado após a realização da Copa e das Olimpíadas;

6 – Nó logístico e excesso de burocracia: A infra-estrutura econômica do país sofre profundamente com o insuficiente aporte de investimentos, bem como pelo desvio de recursos empenhados, principalmente em função da corrupção endêmica existente, ocasionando um aumento excessivo do Custo Brasil. Isto ainda é agravado pela burocracia criada para impor dificuldades, objetivando gerar facilidades; 7 – Riscos de Inflação: Apesar do elenco de medidas adotadas pelos atuais detentores do poder político, a taxa de inflação nos últimos doze meses já ultrapassou o teto (6,5%) da meta. Apesar de a tendência ser decrescente, fatores como a elevação do salário mínimo para cerca de R$ 620,00 em 2012 e suas consequências podem impedir a queda para o centro da base (4,5%);

 8 – Alto preço das “commodities”: O preço das “commodities” está elevado no momento, em especial devido à atuação de especuladores internacionais. Com a “reprimarização” da nossa pauta exportadora, uma previsível queda em seus valores ocasionará problemas consideráveis em nosso balanço de pagamentos em transações correntes e ao nosso sistema econômico; 9 – Corrupção Pandêmica e Nepotismo Generalizado: O grau de corrupção vivenciado em nosso país, atingindo indistintamente os três Poderes, em especial o Executivo em seus três níveis, encarece brutalmente qualquer obra ou empreendimento, considerando o valor da propina cobrada, variando de 4% a 50%, o que inviabiliza qualquer ação séria, em proveito dos interesses nacionais. Além disto, o nepotismo generalizado impede a formação de quadros técnicos competentes.

         Eis os desafios que deveremos vencer o quanto antes.

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