A MALDIÇÃO DO DESARMAMENTO

Prof. Marcos Coimbra

Membro do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (CEBRES), Professor aposentado de Economia na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 31.05 no MM

         Poucas pessoas sabem que o famigerado estatuto do desarmamento foi aprovado por acordo de lideranças, não sendo votado em plenário. Foi uma das maiores agressões sofridas pelo povo brasileiro. Um verdadeiro atentado à propriedade privada e ao direito de legítima defesa ao cidadão. Foram feridas cláusulas pétreas da Constituição como o direito adquirido e o ato jurídico perfeito. Nitidamente, quem elaborou o citado estatuto imaginou que no referendo de 2005 a tese, imposta pelo exterior, da proibição da comercialização de armas e munições ganharia. Foram milhões de dólares e reais, inclusive vindos de fora, derramados na propaganda dos hoplófobos (pessoas que possuem aversão a armas de fogo), com o apoio maciço dos meios de comunicação, em especial da rede globo, de artistas contratados, religiosos ingênuos e da máquina governamental federal e estadual.

         O Supremo Tribunal Federal (STF) recentemente derrubou alguns artigos do estatuto, declarando-os inconstitucionais, porém ignorou algumas preciosidades. Uma delas é a obrigatoriedade de recadastramento das armas a cada três anos, com o pagamento de taxas proibitivas, realização de exames psicotécnicos, de segurança e de habilitação técnica. Se substituirmos arma de fogo por imóvel vejam o que aconteceria. Imaginem o cidadão a cada três anos tendo de recadastrar sua propriedade, sob pena de confisco e punição com três anos de cadeia, em um país como o nosso, onde os grandes corruptos estão soltos. Alguns são presos, mas quase que imediatamente soltos, retornando à vida pública como congressistas. Até o Sr. Delúbio, condenado agora a ressarcir o Estado de Goiás em R$ 164 mil, anuncia que vai ser candidato nas próximas eleições a deputado federal.A brecha está aberta com a interpretação do STF. A propriedade privada passou a correr sério risco no Brasil.

         Outra pérola é a proibição de aquisição de armas de fogo por menores de 25 anos, sob a pueril argumentação de que o maior número de vítimas de crimes, com armas de fogo, está situado nesta faixa etária. Ora, em primeiro lugar, o serviço militar é obrigatório e aprendemos a atirar com 18 anos para defender a Pátria, fazendo inclusive prova de tiro. Além disto, não é limitando a 25 anos a idade para compra de armas, que vamos diminuir o número de atingidos, pois estes em grande parte são vítimas e não os delinqüentes, que vão continuar a portar e usar as armas, independentemente do estatuto. São criminosos mesmo e vão continuar sendo. Em caso de guerra, somente irão para o campo de batalha os maiores de 25 anos?

         Já escrevemos neste espaço, por diversas vezes, denunciando as verdadeiras razões ocultas do interesse existente em desarmar o cidadão brasileiro, por inspiração exógena e planejamento para implantação de um regime ditatorial no Brasil. Todos os ditadores do século passado, Hitler, Stalin e outros, começaram desta forma. De início a exigência do recadastramento para depois partir para o confisco, por intermédio de medidas coercitivas impossíveis de serem atendidas. Na ocasião da proclamação do resultado do referendo, no qual o povo brasileiro venceu os hoplófobos, apesar de tudo, por quase 2/3 dos votantes, uma comentarista política da rede globo, que sabe das coisas, em seu comentário, afirmou que  o resultado não teria importância, pois o governo atual obteria, na prática, seu objetivo, através da adoção de medidas indiretas. E foi o que aconteceu.

         Contudo, os principais defensores deste verdadeiro atentado contra o país estão pagando o preço do ato tresloucado. FHC está no ostracismo, classificado como um dos piores presidentes da República. Renan Calheiros, o político que faz parte de qualquer governo, enfrenta sérias acusações de toda ordem. O casal Garotinho também se encontra repudiado por praticamente todos os políticos que os apoiavam, sendo alvo de graves denúncias. O deputado Raul Jungmann foi recentemente objeto de acusações incômodas, conseguindo porém o arquivamento do processo. O ex-deputado Luiz Eduardo está milionário, mas não conseguiu sequer a reeleição. O atual governador do DF, Sr. José Roberto Arruda, foi forçado a renunciar para evitar a inevitável cassação. Está no poder, mas a um custo muito elevado. Resta o Sr. Lula que, como sempre, permaneceu em uma situação cômoda, a favor dos hoplófobos, todavia discreto, de modo a não pagar o ônus da fragorosa derrota. É uma verdadeira maldição existente contra os que prejudicaram o povo brasileiro, impondo-lhes estas medidas ditatoriais.

A partir do dia 02 de julho, o país enfrentará uma grave situação. De um total de 15 milhões de armas de fogo, legalmente registradas, até o dia de hoje, apenas os proprietários de cerca de 200.000 conseguiram efetuar o recadastramento. Mesmo que todos eles, a partir de agora, corram para tentar cumprir a verdadeira maratona, não haverá estrutura dos órgãos governamentais para atendê-los. Desta forma, teremos milhões de cidadãos honrados, que sempre cumpriram suas obrigações, fora da lei, sujeitos a serem algemados, jogados na cadeia, com suas armas confiscadas e destruídas.

         Aqueles que não honram seus compromissos para com a Pátria, mesmo que não sejam castigados pelos seus semelhantes, acabam sendo punidos por outra justiça, a quem ninguém escapa. A Justiça divina.

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