ALTERAÇÕES NO ESTATUTO DO DESARMAMENTO

Prof. Marcos Coimbra

Membro do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (CEBRES), Professor aposentado de Economia na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 13.09.2007 no MM

         Nesta semana deverá ser votado, na Câmara dos Deputados, o relatório do deputado federal Pompeu de Mattos a respeito da MP 379/2007, sobre  o famigerado estatuto do desarmamento. Existe a previsão de que cerca de 20 alterações serão propostas em seu trabalho, com o objetivo de atenuar as graves injustiças e erros cometidos em sua versão em vigor. A população expressou claramente sua posição no referendo sobre a proibição da fabricação e comercialização de armas de fogo, quando rejeitou a absurda proposta por quase 2/3 dos votantes. Na realidade, o que deveria ter sido votado era o próprio estatuto do desarmamento, aprovado por acordo de lideranças, não em plenário, em campanha comandada entre outros pelo senador Renan Calheiros. É claro que seria rejeitado, tal o grau de absurdos lá contidos por imposições externas e de pessoas, algumas ingênuas, outras de má fé, a soldo de ONGs internacionais e de suas representantes no Brasil. 

Em um país que padece de problemas terríveis e insolúveis, como a miséria, o desemprego, a carga tributária extorsiva, a corrupção endêmica, o nepotismo alucinado, a supressão de direitos sociais, a falta do atendimento às necessidades básicas da população, em saúde, educação, causa espécie a fixação de alguns segmentos na tentativa de desarmar o cidadão honesto. A idéia do desarmamento civil faz parte de um plano global de criação de um governo mundial, comandado pelos "donos do mundo", com a intenção de impor a constituição de uma "força internacional de paz", sob a sua direção, com o poder de intervir em qualquer região do mundo, extinguindo o conceito de soberania nacional. As Forças Armadas dos países periféricos seriam reduzidas à situação de milícias com a missão apenas de contenção social e de combate ao narcotráfico.

         O Brasil, devido à sua atual fragilidade, em todas as expressões do Poder Nacional, e por causa de sua importância estratégica foi escolhido como laboratório da experiência sinistra. Conseguindo-se dobrar a resistência dos brasileiros e implantando-se a medida ditatorial, a exemplo do realizado por Lênin, Stalin, Hitler e outros, será, então, aproveitada como modelo a ser seguido por outros países. De início, houve a destruição da bem sucedida indústria bélica nacional, com a derrubada da IMBEL, da ENGESA, da Avibrás e a privatização da EMBRAER. Em paralelo, a proibição do desenvolvimento da tecnologia nuclear, representada pela adesão incondicional ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, o esvaziamento do programa nuclear da Marinha e o enfraquecimento de nossas Forças Armadas, por meio da alocação de recursos insuficientes.

         O objetivo foi então o de terminar o serviço. Proibir o porte legal de arma e aumentar a restrição à posse. Atingidas, as outras irão se sucedendo progressivamente até desarmar completamente o povo brasileiro, inclusive as Forças Armadas. As atuais empresas produtoras de armas e munições como a Taurus, CBC, BOITO e outras, sem o mercado interno, irão também à falência ou serão compradas por empresas estrangeiras. Então, os hoplófobos (pessoas possuidoras de aversão a armas de fogo) ficarão satisfeitos, fazendo jus às verbas recebidas do exterior, destinadas à consecução deste desiderato. O Brasil ficará inteiramente dependente do exterior, sendo obrigado até a importar um cartucho 22. E a Amazônia, possuidora de vastos recursos naturais, da água ao nióbio, ficará à mercê da vontade das potências imperialistas. Por esta razão estratégica, o Exército esclareceu na oportunidade o assunto junto a congressistas brasileiros, manifestando sua discordância.

         Partindo-se destas premissas, podemos entender aquilo que está acontecendo.A campanha é chefiada pela IANSA, órgão filiado ao governo britânico, possuidora de uma rede de mais de 200 ONGs no mundo, fundada com esta missão, a qual o Viva Rio, principal promotor da medida ditatorial no Brasil, é subordinado. Analisando-se o seu orçamento no auge da campanha do referendo, segundo informações colhidas em seu sítio, relativas ao ano de 2002, encontramos os seguintes dados: de um valor declarado de cerca de R$ 18 milhões, 33,44% são de governos e organismos internacionais (governo britânico, CEE, Fundação Ford, BID, Banco Mundial, Organização Soros, UNESCO etc.), 13,95% de empresas estrangeiras (Souza Cruz, Icatú Holding, C&A, Light e outras), 15,21% do governo brasileiro (PETROBRAS, BNDES, FURNAS, Ministério da Justiça etc.), 10,38% do governo brasileiro (Secretaria de Estado da Fazenda e da Justiça do Rio de Janeiro, FIA etc.), 16,28% de empresas e associações brasileiras (CNI, CIPAN, Fundação Roberto Marinho etc.), 10,80%, indeterminados, ou seja, cerca de 48% são recursos do exterior e 25,60% do governo do Rio e da União. E esta organização é considerada ONG. O governo britânico remeteu R$ 1 milhão  para a realização na época da passeata feita por uma  novela e a "lavagem cerebral" empreendida pelo "império do mal" não está sendo feita graciosamente. Há muito dinheiro utilizado por ela para comprar os sicários pagos com o objetivo de tapeara população. Podemos apontar dezenas de argumentos contra os hoplófobos, mas isto não seria importante. Afinal, a mentira muitas vezes repetida  vale mais do que a verdade.

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