OS NOVOS MALIGNOS
Artigo publicado em
11/06/2015 - Monitor Mercantil
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Acadêmico Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil
Soberano.
Existem pessoas que pensam vinte e
quatro horas por dia em fazer o mal, como tirar dinheiro principalmente da
classe média e dos menos favorecidos, tanto na esfera pública como na área
privada. São os malignos, criaturas do mal. Nero, Calígula, Herodes. Foram
sucedidos pelos novos malignos, mais sutis.
No setor público, criam dificuldades para gerar facilidades. Há dezenas
de impostos, taxas, contribuições tarifas e cobranças de toda ordem. Aumentam
arbitrariamente as alíquotas. Inventam justificativas pueris para extorquir o
cidadão. Agora, a prefeitura do Rio de Janeiro, ao transferir da Santa Casa
para a iniciativa privada a administração dos cemitérios, criou um verdadeiro
IPTU dos mortos. Vai começar a ser cobrada dos proprietários dos jazigos uma
taxa de até R$ 500,00 por ano a título de manutenção, para começar, sob pena de perda da propriedade em três anos. Isto é para
começar. Depois, o céu é o limite.
Ao mesmo tempo, diminuíram a alíquota do IPTU de
supermercados para quase a metade e beneficiam os segmentos
financeiro e bancário, que, apesar de usufruírem o maior lucro da
história, praticamente nada pagam de imposto de renda em comparação com o
assalariado. É a tática “Hood Robin”: tirar dos pobres e remediados para dar
aos ricos, ao contrário do lendário aventureiro Robin Hood. A indústria de
multas prospera inclusive com a sociedade de empresas
privadas.
A cada mudança na legislação ocorre mais um assalto
ao contribuinte. Tanto na esfera federal, como na estadual e na municipal. Os
governantes estão cada vez mais ricos. Vão ao Exterior como o cidadão comum vai
à Niterói. Gastam fortunas em festas suntuosas e segurança para si e para seus
parentes. Transmitem o mandato legislativo de pai para filho, de marido para
mulher, de avô
para neto, ancorados em uma sólida base assistencialista e clientelista, usando
a corrupção. O empreguismo é desenfreado. E o pior. Pouco é dado em
contrapartida. As estradas estão resumidas a uma sucessão de crateras (vide
BR-101), a energia vai entrar em colapso em mais um ano caso o Brasil volte na
crescer acima de 3 % ao ano. A corrupção campeia em todos os segmentos.
As
comunicações foram entregues a corsários alienígenas. A saúde pública está
abandonada. A educação pública, refém de cotas, forma analfabetos funcionais. A
segurança pública desapareceu. A previdência pública está sendo deliberadamente
quebrada, para propiciar o crescimento da previdência privada. Os fundos de
pensão estão sendo saqueados. O país cresce como rabo de cavalo. Para baixo.
Enquanto isto, países pertencentes aos BRICS, em especial China, e Índia
crescem. São nações soberanas e em desenvolvimento. Mas lá os corruptos são
exterminados com um tiro na nuca e a família ainda paga a bala.
Na esfera privada, progressivamente toda a
atividade produtiva vai sendo comprada pelo segmento financeiro. De fato, o
segmento especulativo no Brasil agora usa empresas comerciais e industriais
para captar clientes cativos e lucrar, de fato, no giro do dinheiro. É por esta
razão que, atualmente, é muito difícil comprar à vista em qualquer loja. O
desconto oferecido não compensa, quando é comparado com a possibilidade de
pagamento no cartão de crédito, em várias parcelas, “sem juros”. É óbvio que o
valor dos juros já está embutido no preço estipulado da mercadoria oferecida.
Vejam as ofertas das principais lojas de varejo no Brasil. Aceitam o pagamento
em 12 vezes, com início até dois meses depois da compra, sempre anunciando, com
raras exceções, que o valor é o mesmo tanto para o pagamento à vista como em
“suaves” prestações. Evidentemente, não pode ser. Outro exemplo marcante é o
empréstimo com consignação em folha para aposentados e pensionistas, com risco
zero para os Bancos, que chegam a cobrar até 5% ao mês. É uma das maiores
crueldades perpetradas contra os menos favorecidos, os quais estão se
endividando brutalmente, estimulados por irresponsáveis meios de comunicação,
sem o menor controle por parte das autoridades econômicas.
Mais um exemplo é a chamado Bolsa Família, que
agrupou vários benefícios de caráter assistencialista, com finalidade
nitidamente eleitoreira. É inclusive um obstáculo à mobilidade social, pois se
o beneficiário conseguir algum rendimento adicional legal,
perde a doação, abrindo caminho para uma grande quantidade de desvios e
descaminhos, favorecendo a economia informal. É criada a cultura do
“coitadinho”, onde não é necessário esforço para conseguir o sucesso. Não
precisa estudar, nem trabalhar, pois o Grande Pai proverá tudo aquilo
necessário. Surgem as quotas e bolsas. Se não possui casa própria é só invadir
que lhe será dada. Só que a fonte fornecedora dos recursos está secando, pois
cada vez mais existe menos renda na população pagadora de impostos e mais
“benefícios” criados pelos malignos.
É difícil combater os malignos, pois seu poder é
incomensurável. Controlam os meios de comunicação, elegem representantes no
Poder Executivo e no Legislativo. Influenciam até o Judiciário, nomeando
“adeptos”. O povo brasileiro merece respeito e dignidade. É chegada a hora de
todas as pessoas de bem unirem-se para que, algum dia, nossa Pátria volte a ser
o que já foi em tempos passados. Um Brasil soberano, em ritmo de desenvolvimento,
funcionando quase a pleno emprego, com uma classe média pujante e com a
contrapartida de serviços coletivos dignos.