FUTURO SOMBRIO

Prof. Marcos Coimbra

Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.

(Artigo publicado em 14/03/2013-MM.)

 

Em artigo publicado em 2009 neste espaço, intitulado “EM MARCHA BATIDA PARA A DITADURA CONSTITUCIONAL”, escrevemos: No antigo Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, sob a direção do seu então chefe Luiz Gushiken , um dos cenários prospectivos traçados partia da premissa de que Lula seria o presidente da República em 2022, ano de comemoração do bicentenário da independência do Brasil. Ora, isto só seria possível de acontecer nas seguintes hipóteses. Na primeira, Lula conseguiria obter via plebiscitária o direito de concorrer “ad eternum à presidência, a semelhança do já conseguido por Hugo Chávez e outros, sendo reeleito continuamente. Na segunda, caso não conseguisse seu intento, elegeria um títere em 2010, retornando ao poder em 2014, sendo reeleito em 2018 e permanecendo no poder até 2022.

Como a primeira hipótese não ocorreu, restaria a outra. Ao que tudo indica, a não ser que haja uma reviravolta radical nos próximos meses, Lula desistiu em favor da reeleição de Dilma, obrigado pelas circunstâncias, desde que continue a ser o Presidente emérito, nada obstando, porém, que concorra em 2018. Caso a oposição vença em 2014, hipótese pouco provável, ou mesmo um candidato da atual base governista, como o Governador Eduardo Campos, Lula poderia ser um novo candidato de oposição em 2018. Caso Dilma seja reeleita, como não poderá concorrer mais e o PT ficará por longo tempo no poder, pois o Estado estará inteiramente aparelhado partidariamente, será ainda mais fácil

Se não, vejamos. Atualmente, mais da metade dos componentes das mais altas cortes de Justiça do Brasil foi nomeada por Lula e/ou Dilma. O Legislativo é inteiramente submisso aos caprichos do Executivo. Inexiste uma oposição digna deste qualificativo. Os sindicatos foram cooptados. Até as lideranças estudantis foram anuladas. A mídia, com raras exceções, depende das verbas de publicidade da União e das estatais. Quem diverge e verbaliza sua crítica é silenciado pelas novas SS. A exposição positiva de Dilma é digna de um plano de Goebbels. Ela aparece em praticamente todos os veículos de comunicação, em especial na televisão, mais vista pelas classes D e E, segmentos mais importantes em uma eleição. O candidato do PT é o pai dos pobres e a mãe dos ricos, aliança imbatível.

Imagine o leitor mais dez anos de exercício na administração federal. Estaria consolidada, de maneira irreversível, uma ditadura constitucional brasileira, sem perspectiva de reversão. E o quadro de 2014 é assustador. Qualquer um dos principais candidatos apresentados até agora (Dilma, Marina, Aécio, Eduardo) representa a continuação da mesma política de submissão aos interesses da banca internacional, dos “donos do mundo”.

Quem for eleito não terá poder suficiente para mudar muita coisa na Economia do Brasil. Seria alvo de uma oposição implacável por parte dos chamados movimentos sociais e de outros segmentos hostis, que na prática inviabilizariam qualquer projeto diferente do adotado por Lula e Dilma, em continuação ao realizado por FHC, nos aspectos econômico-financeiros.

A saída estaria no surgimento de uma nova candidatura, capaz de representar uma opção nacionalista no quadro existente. Porém, para ter chance de sucesso, deveria ser apresentada pelo maior partido político do Brasil, o PMDB, em virtude de sua capilaridade, do tempo no horário gratuito e da possibilidade de obtenção dos bilhões de reais necessários para bancar uma candidatura viável à Presidência. Ocorre que este partido não pensa no poder como meio para consecução dos Objetivos Nacionais, mas como um fim em si mesmo, para usufruto das suas benesses.

A solução para nossos problemas passa pela recuperação da auto-estima nacional, pela volta dos sonhos legítimos de sermos uma grande potência, com nossos irmãos tendo direito a uma vida digna. Exigimos aquilo que já é nosso por gerações. Nossos recursos naturais abundantes, a capacidade de trabalho do povo brasileiro, a habilidade de empreender característica de nossos empresários, a base econômica instalada, a tecnologia gerada por nossa criativa gente assustam as potências mundiais atuais. Por isto, eles não querem permitir nosso desenvolvimento. Tudo é utilizado pelo Sistema Financeiro Internacional, pela Trilateral, pelos detentores do poder econômico, para, inclusive, ridicularizar nossa fé. Militarmente, impedem que sequer tenhamos condições de defesa do nosso patrimônio. As Forças Armadas transformaram-se em Forças Desarmadas.

Economicamente, submetem a Nação às regras do Sistema Financeiro Internacional, por intermédio de seus agentes externos (FMI, Banco Mundial, BID, OMC, Diálogo Interamericano, cujo ideário foi operacionalizado no denominado Consenso de Washington) e internos (autoridades em postos de relevância formados no exterior com empregos garantidos quando saírem do governo). Tentam eliminar a capacidade de crescimento econômico e posterior desenvolvimento não só econômico como nacional, por meio da desnacionalização da nossa economia ou de sua eliminação (em especial, o segmento industrial), da subtração de nossas riquezas (através do contrabando ou da compra a preços vis) e, principalmente, empregando a privatização selvagem.

Será que isto não é o bastante para despertar a indignação do povo e motivar o início de uma campanha de âmbito nacional para evitar a perda de nosso patrimônio? É chegada a hora de lutar para resgatar o que foi perdido. Vamos lutar, ombro a ombro, para preservar o futuro de nossos descendentes. Afinal, eles não nos perdoarão, caso não saibamos cumprir nosso dever.

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