“ENTRE EU E O CANDIDATO”

Artigo publicado em 09.10.14-MM

Economista Marcos Coimbra

Professor, Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.

         A frase expressa no título deste artigo foi proferida pela candidata Dilma em pronunciamento realizado na 2ª feira, dia 06.10.14, retransmitido pela emissora de TV do grupo Bandeirantes em seu jornal noturno. Assistimos, perplexos e preocupados, a essa agressão ao vernáculo praticada pela atual presidente da República, demonstrando, mais uma vez, seu despreparo para o exercício da função mais importante de nossa República. É evidente que todos nós cometemos erros ao falar ou escrever em nosso idioma, o qual não é fácil, mas há “Erros” e erros. O correto é entre mim e você. É semelhante a escrever “menas” violência ou outro absurdo semelhante. Alguns veículos de comunicação escrita divulgaram o citado pronunciamento, mas já corrigido.

Aliás, é frequente presenciarmos o incessante sofrimento da candidata ao expressar-se de improviso, sem o recurso ao texto escrito. Há um permanente conflito de idéias e suas frases, muitas das vezes, não apresentam princípio, meio e fim, com lógica. Já apelidaram seu dialeto de “dilmês”. Outra declaração significativa de Dilma foi: “Nosso país também precisa ter compromisso com aqueles que desviam recursos públicos”. Porém, esta não é a única razão para julgar a candidata despreparada. O que conta é o conjunto da obra.

         A administração Dilma é considerada a terceira pior da história republicana em desempenho econômico, apenas ultrapassada negativamente pelos ex-presidentes Floriano Peixoto e Collor (aliado dela e reeleito senador por Alagoas, apesar de seu desastroso passado), de acordo com o competente e insuspeito Professor Reinaldo Gonçalves, titular de Economia Internacional na Universidade Federal do Rio de Janeiro. A situação econômica do país é grave e, até agora, ela não apresentou seu Plano de Governo. Mais quatro anos deste caos ocasionarão um atraso difícil de ser corrigido pelas gerações futuras. Aliás, o candidato Aécio está apresentando um arremedo de Programa fatiado, o que dificulta sua avaliação e a candidata Marina publicou um documento com mais de 200 páginas, mas sem que suas partes tivessem sido devidamente compatibilizadas.

O Brasil necessita urgentemente de um Plano Nacional de Desenvolvimento capaz de contemplar os aspectos econômicos e sociais com eficácia, sob pena de tornar-se ingovernável em curto espaço de tempo. Isto deve ser feito por especialistas brasileiros (e os temos em qualidade e quantidade satisfatórias), com base nos anseios, necessidades e desejos da população, alicerçados na filosofia, doutrina, ideário e teoria adequados para seus formuladores, analisando-se a situação internacional e a situação nacional, levantando as necessidades básicas (carências que devem ser atendidas) e estudando-se os óbices existentes.

Avaliando-se a capacidade do Poder Nacional, chegamos à concepção política nacional, desdobrada em três estágios: definição dos pressupostos básicos (condicionantes ou crivos éticos e pragmáticos), formulação das hipóteses de conflito e de guerra e o de decisão política, correspondente à escolha do cenário desejado, do qual decorrem os Objetivos Nacionais Atuais e os Objetivos de Governo. A seguir, partimos para a fase estratégica, desenvolvida através de quatro etapas encadeadas: a de concepção política nacional, elaboração do plano, execução e controle. A concepção estratégica nacional abrange três fases: a de análise de trajetórias, a de opção estratégica e a de diretrizes estratégicas. Tudo isto englobando os aspectos setoriais, regionais e específicos, bem como nos três níveis (federal, estadual e municipal), vinculados aos orçamentos (prioridades, prazos e recursos), com atribuição de competências e de encargos. Estes são os passos a serem seguidos, na teoria. Na prática, torna-se evidente a imperiosa necessidade de que, em todas as eleições presidenciais, todos os postulantes à presidência da República apresentem seus respectivos planos, com transparência, para que o eleitorado não seja mais uma vez enganado, como nas últimas campanhas, quando “inovações” foram implementadas, ao arrepio de promessas não concretizadas.

Também é evidente a carência de um plano que não se restrinja a perseguir como principal objetivo o controle da inflação, mas sim que apresente como "variável-meta" a busca do pleno emprego dos fatores de produção e o pagamento de salários dignos, com a utilização mais eficaz das "variáveis-instrumentais": taxa cambial (controle pela autoridade econômica), tributos (através de reforma fiscal capaz de diminuir alíquotas, minimizando a sonegação e aumentando a arrecadação), controle do saldo do balanço de pagamentos (imposição de barreiras protecionistas, redução dos tributos que oneram as exportações), redução da taxa de juros e outras, objetivando aumentar o mercado interno, fortalecendo as empresas nacionais, em especial o segmento das micro, pequenas e médias empresas, gerando mais empregos e aumentando a oferta de bens, minimizando as disparidades de renda (pessoal, regional e setorial).

Chega de perseguir o poder como um fim em si mesmo ao invés de usá-lo como um instrumento para concretização dos interesses e objetivos nacionais.

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