DEPOIS DAS ELEIÇÕES

Artigo publicado em 06.11.14-MM

Economista Marcos Coimbra

Professor, Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.

         A conta chegou depois de proclamado o resultado das eleições pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O estelionato eleitoral ocorre  de novo. Aquilo que a candidata Dilma afirmou que seu oponente Aécio iria fazer, caso eleito, ela fez. De início, uma surpreendente elevação na taxa de juros Selic para 11,25%, mantendo o Brasil como campeão no relativo ao título de maior taxa real de juros do mundo (4,46%). Em seguida, um “suave” aumento na energia que variou de 25% no caso da Light, para 54% em Roraima.

Para culminar, nesta fase inicial, um reajuste no preço dos combustíveis. A Petrobras aumentou no dia 29.10.14 os preços da gasolina e do óleo diesel para as refinarias. Segundo fato relevante divulgado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a gasolina será reajustada em 4% e o óleo diesel em 8%. A comunicação oficial será feita no dia 04.11.14. Especula-se que ficará em 5%. Ainda, um dos indicados por Lula para o cargo de ministro da Fazenda é simplesmente o banqueiro Luiz CarlosTrabuco, do segundo maior banco privado do país. Outro é o ex-ministro Henrique Meirelles, ex-presidente do BankBoston.

         Em seu discurso de “conciliação”, na ocasião da comemoração do resultado, além de não citar os oponentes enfrentados, ritual de praxe nestas ocasiões, voltou a querer impor à sociedade brasileira a esdrúxula ideia de plebiscito para efetuar uma “reforma política”, no melhor estilo bolivariano. E os petistas ainda pretendem impor a criação de uma assembleia nacional constituinte exclusiva para implantar um sistema inspirado nas “repúblicas bolivarianas” vizinhas. Manifestações ocorrem em vários pontos do país, com milhares de cidadãos reivindicando o “impedimento” de Dilma, em função dos últimos escândalos vazados nas apurações da Justiça sobre a corrupção investigada em diversos órgãos da administração federal, em especial na nossa Petrobras.

         O corregedor-geral da Justiça Eleitoral disse que “o PSDB prejudica a imagem do processo eleitoral e democrático do país ao apresentar um pedido ao Tribunal) de auditoria especial sobre o resultado da eleição do último domingo”. Sem esconder a irritação com a atitude do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), coordenador-jurídico da campanha de Aécio Neves, afirmou ainda que “o Brasil não é a Venezuela ou a Bolívia e que o PSDB não apresentou nenhum fato concreto para questionar o resultado”.

Ora, inicialmente ele deveria ficar satisfeito em aproveitar a oportunidade de provar a segurança do sistema empregado nas eleições. Também, deveria aprender que não é possível fazer tal afirmação, depreciativa de países tão próximos da atual administração petista. Nem sempre se deve falar aquilo que se pensa. E, de fato, o Brasil não é a Venezuela. Lá é adotado o sistema de urnas eletrônicas de 2ª geração, onde é produzido um comprovante físico, enquanto no Brasil estamos ainda adotando a 1ª geração. Em países mais desenvolvidos, já é empregada a 3ª geração. E a verdadeira razão não é apenas o clamor das redes sociais.

As causas principais estão explicitadas em várias falhas que já foram exaustivamente denunciadas por vários veículos de comunicação, inclusive neste espaço, repercutindo diversas assertivas válidas de especialistas no assunto. O jornalista Osvaldo Maneschy declara que “nossas urnas eletrônicas são "equipamentos ultrapassados de uso proibido nos Estados Unidos, na Holanda (onde foram inventadas), na Bélgica, na Alemanha e no resto do mundo - porque foram substituídas por modelos de 2ª geração, que imprimem o voto; ou de terceira geração, mais modernas ainda, que além de imprimirem o voto, registram digitalmente o mesmo voto, criando uma dupla proteção de que a vontade do eleitor - soberana - será respeitada".

Também o Engenheiro Amilcar Brunazo Filho afirma que no PLS 194/99 de iniciativa do Senador Requião, em alteração da Lei nº 9.504 consta que “a máquina de identificar do eleitor não poderá ter nenhuma conexão com a urna eletrônica (que colhe e imprime o voto), então simplesmente será impossível para a urna imprimir a identidade (como nome, número, assinatura etc.) do eleitor no voto, inviabilizando qualquer identificação de quem votou, em oposição ao alegado pela relatora ministra Carmen Lúcia". Infelizmente, o parecer da ministra alegando “quebra de sigilo”  foi aprovado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), derrubando assim a aplicação da Lei aprovada pelo Congresso.

Outro fato impressionante foi a apuração “secreta” feita, a partir de determinado momento, por ordem do presidente do TSE, ex-advogado do PT, a pretexto da diferença de horário de três horas do Estado do Acre em relação ao restante do país. Até às 19:32h o candidato Aécio estava na frente com quase 90% dos votos computados e a partir daí ocorreu a reversão. Inclusive, assistindo a um programa de TV de acompanhamento do andamento da apuração, presenciamos a decepção de uma conhecida colunista política da emissora líder de audiência, a qual comentou, observando o resultado em seu monitor, que em 2018 seria aberta a possibilidade de candidatura de Marina, considerando que o instituto de reeleição seria derrubado. Ficou evidente que estava pensando na vitória de Aécio, pois o mesmo já havia deixado clara sua intenção de não aceitar a reeleição.

E o pior. Surgem na Internet declarações sugerindo a intervenção de estrangeiros no país para implantar a “pátria grande” bolivariana.

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