DELÍRIOS PERIGOSOS

 

Artigo publicado em 16/07/2015 - Monitor Mercantil

 

Economista Marcos Coimbra

Professor, Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.

         Na área internacional, persistem episódios dantescos, abrindo sérios precedentes, capazes de ameaçar todos os países. Virou moda o ataque dos modernos corsários a países detentores de matérias primas, em especial petróleo ou outros recursos naturais escassos nas nações agressoras e até mesmo daqueles passíveis de abrigar portos ou dutos de interesse estratégico. Primeiro o Iraque, sob o pretexto de possuir armas de destruição em massa, nunca encontradas. Depois, a Líbia. Simultaneamente, Afeganistão e Paquistão.

         Continua a agressão à Síria, realizada por hordas de mercenários estrangeiros, a soldo dos interesses de diferentes países, sob o pretexto de derrubada de um feroz ditador, Al-Assad, com o apoio de etnias diferentes daquelas que estão no poder. Ora, todos sabem que ele de fato não é o único ditador da região. De onde surgiram as “forças rebeldes”, com armamento e munição farta, em um regime dito tirânico? E as graves consequências da queda do ditador Kadhafi estão provocando calafrios na comunidade internacional, com o fortalecimento da Al-Qaeda. Ganha força o denominado EI (Estado Islâmico), com um crescimento ameaçador.

Presenciamos a reação irada da massa da população atingida por duras medidas de contenção, as quais afetam diretamente o Estado de bem-estar social tão duramente alcançado ao longo do tempo.  A indignação se alastra por toda a Europa, pois direitos adquiridos estão sendo atingidos. Até aposentadorias e pensões, além, é óbvio, da eliminação de oportunidades de trabalho. As taxas de desemprego atingem valores absurdos principalmente nos mais jovens. Enquanto isto os “donos do mundo” e seus agentes permanecem acumulando riquezas imorais. Bilhões de euros e dólares são “doados” aos grandes e verdadeiros responsáveis pela crise mundial. Será que os detentores do poder político ainda não tiveram a sensibilidade de perceber que estão criando as condições para uma revolta sem precedentes em seus respectivos países? Até quando o  dólar persistirá como moeda-padrão no mundo? E o euro?

Uma contundente denúncia sobre o insidioso papel desestabilizador do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), cujos recursos para fundação da entidade, em 1948, provieram da Fundação John D. Rockefeller, partiu do cardeal Joseph Ratzinger, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano (o renunciante papa Bento XVI). Em uma entrevista à Folha de S. Paulo de 10 de junho de 1997, ele afirmou: "Grande parte dos bispos católicos da América Latina se lamentam comigo do fato de que o Conselho Ecumênico de Igrejas (como o CMI também é conhecido) tem dado grande ajuda a movimentos de subversão, ajuda que talvez tivesse boas intenções, mas que acabou sendo bastante danosa para o Evangelho".

No Brasil, essa campanha de subversão permanente transcende a frente dos direitos humanos. De fato, o CMI tem financiado e promovido diversas iniciativas contra o desenvolvimento e a soberania do País, com ênfase nas questões agrárias, ambientais e indigenistas, além de ser um dos principais promotores das campanhas de desarmamento civil. Entre as organizações não governamentais (ONGs) que recebem o seu apoio direto, destacam-se o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), Via Campesina, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Instituto Socioambiental (ISA). Praticamente cada grande projeto de infraestrutura e logística implementado no País, nas últimas décadas, tem se defrontado direta ou indiretamente com uma ação do CMI.

Em nosso país, não existem recursos para aplicação na infra-estrutura econômico-social (saúde, educação, segurança, energia, transportes, comunicações, ciência e tecnologia), mas eles aparecem milagrosamente para obras ou empreendimentos faraônicos como Olimpíadas, Copa do Mundo etc. Parece que as necessidades coletivas e básicas do povo brasileiro já foram atendidas e agora é hora do circo. A corrupção alcança patamares de pandemia. É difícil achar um órgão, nas três esferas de administração, capaz de passar incólume por uma devassa.

A União possui mais de 22.000 cargos de nomeação política para manter o “presidencialismo de cooptação”, fora os demais atrativos, como os 38 ministérios. Imaginem o número adicional de cargos de governadores, congressistas, prefeitos e suas respectivas e inúmeras assessorias. Enquanto isto a presidente Dilma tem a coragem de perseguir os aposentados com valores de benefícios acima de um salário mínimo, ameaçando-lhes vetar o aprovado pelo Congresso no relativo à equalização das regras de reajuste das aposentadorias com aqueles que ganham um salário mínimo. É o paroxismo da crueldade e da prepotência. Até quando?

O preço da conta dos desacertos das administrações petistas está sendo pago, como sempre, pela verdadeira classe média, enquanto o segmento financeiro aufere lucros cada vez mais indecorosos. E a denominada classe emergente vai, como era previsto, retornando aos patamares anteriores, fato preocupante, pois representa uma brutal reversão de expectativa, com graves consequências.